Familiares de biomédica assassinada por ex protestam antes de julgamento em Fórum
Grupo levou placas com frases como “Somos o grito das que não estão mais aqui” e “Ela gosta de flores, mas prefere respeito!”

Familiares e amigos de Miqueias Nunes de Oliveira, biomédica morta pelo ex-companheiro a facadas, realizaram um protesto em frente ao Fórum de Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte, no fim da manhã desta terça-feira (19). O julgamento do homem começa nesta tarde.
Composto majoritariamente por mulheres, o grupo estampou camisas com o rosto de Keia, como era conhecida a vítima, e levou cartazes pedindo “Justiça” para a mulher e placas com frases como: “Somos o grito das que não estão mais aqui”, e “Ela gosta de flores, mas prefere respeito!”.
Miqueias Nunes de Oliveira, de 33 anos, trabalhava em uma clínica quando o local foi invadido pelo ex-companheiro. Insatisfeito com o fim do relacionamento, o homem, de 42, matou a vítima com golpes de canivete e depois tentou contra a própria vida.
O crime ocorreu no dia 10 de março deste ano. Segundo a polícia, antes de terminar o relacionamento, Kéia teria descoberto mensagens entre o então marido e a ex-namorada dele. Isso foi um dos motivos para a separação no fim de 2024.
O homem não aceitava o término do relacionamento e ficou quase três meses perseguindo a vítima. De acordo com relatos concedidos à polícia, ele ameaçava cometer suicídio caso a mulher o deixasse, mas nunca afirmou que iria tentar algo contra a vida dela, o que pode ter dado um falso sentimento de segurança à Kéia.
Imagens divulgadas pela polícia mostram o momento em que o crime foi cometido. A mulher foi surpreendida pelo ex-marido na clínica de estética em que trabalhava. Segundo a polícia, o homem pediu para a vítima voltar com ele para casa para os dois "conversarem". No entanto, ela não aceitou o convite.
Assim, o homem sacou um canivete e desferiu diversos golpes contra ela. Duas mulheres estavam no local do crime e fugiram desesperadas. Uma delas correu em direção à delegacia mais próxima e a outra trancou o portão da clínica, o que impediu o acusado de fugir do local.
O delegado Wellington Faria acredita que o suspeito só não fugiu por conta do portão trancado. Ele destaca que o homem é caminhoneiro e teria facilidade para evadir para longe da região metropolitana de Belo Horizonte. O agente ainda elogiou a ação das duas testemunhas no local, que não deixaram o homem sair e acionaram a polícia rapidamente.
“Temos imagens que mostram que após cometer o delito, ele tenta fugir do local. Só não foi possível por conta de uma das testemunhas que foge em direção à delegacia e a outra tranca o portão da clínica. Pelo fato dele trabalhar como caminhoneiro, e estar acostumado a viajar por 20 a 30 dias, acreditamos que ele iria sim fugir”, afirmou.
Após prender o homem, os policiais encontraram uma arma de fogo e munições no apartamento, local em que ele planejou inicialmente para ceifar a vida da ex-mulher.
O homem será indiciado pelos crimes de feminicídio e posse ilegal de arma. A pena, segundo o delegado, pode ser de 20 a 40 anos. Além disso, a sentença pode aumentar por conta dele não ter dado chance de defesa para a vítima e ter desferidos inúmeros golpes contra ela, indicando ainda mais crueldade da parte dele.
Leia mais: