Hospitais filantrópicos de Minas mostram que criatividade também salva vidas
Prêmio reconhece e valoriza projetos que contribuem para a melhoria da gestão hospitalar e da qualidade assistencial

Falta de recursos e estruturas sobrecarregadas fazem parte da rotina dos hospitais filantrópicos - que prestam atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS) - não só em Minas, mas em todo o país. Esses desafios são lembrados nesta quarta-feira (2), Dia dos Hospitais. Mas há também outro lado dessa história, o da inventividade, da superação e do fazer acontecer. Por aqui, projetos que contribuem para a melhoria da gestão e da qualidade assistencial são reconhecidos por meio de uma premiação.
Experiências bem-sucedidas são destacadas por um prêmio criado pela Federação das Santas Casas e Hospitais de Minas Gerais (Federassantas). As boas práticas são estimuladas para serem reaplicadas em instituições de todo o Estado.
Os projetos do prêmio Federassantas vêm mudando a realidade de pacientes que perderam a voz após a cirurgia de remoção da laringe, realizada no tratamento do câncer. No Hospital Luxemburgo, em Belo Horizonte, o Coral dos Laringectomizados reúne pacientes, profissionais de saúde e música desde 2014, promovendo não só a reabilitação vocal, mas também o fortalecimento emocional e social. A iniciativa beneficiou 14 pacientes por meio de técnicas de voz esofágica ou próteses.
Na região da Zona da Mata, o Coral Nova Voz, do Hospital do Câncer de Muriaé, também oferece reabilitação vocal, apoio psicológico e integração social. Com cerca de 20 integrantes, o coral realiza ensaios e apresentações que inspiram superação e contribuem para a autoestima e inclusão dos pacientes.
Outro exemplo vem do projeto “Lojinha Solidária”, que oferece enxovais completos para recém-nascidos de gestantes em situação de vulnerabilidade social. A iniciativa garante não apenas o básico para os primeiros dias de vida dos bebês, mas também promove acolhimento, afeto e dignidade às mães, muitas vezes aflitas com a falta de recursos para preparar o enxoval. A iniciativa do Hospital do Vale do Jequitinhonha localizado em região de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), faz parte de uma estratégia de humanização que une profissionais de saúde, voluntários e comunidade, criando uma rede solidária que fortalece o vínculo entre hospital e paciente.
Exemplo de inovação acessível
Paralelamente a essas ações da Federassantas de fomento ao setor, iniciativas autônomas, como o Projeto Colmeia, mostram que inovação também nasce dentro das instituições. Desenvolvido pelo Hospital Evangélico de Belo Horizonte, o programa já capacitou 60 colaboradores, gerou uma economia de mais de R$ 800 mil e implementou 19 projetos com impacto direto no atendimento ao paciente SUS.
“O que era uma proposta ousada virou referência nacional”, conta Paulo Taveira, diretor de novos negócios da InspiraSer e idealizador do programa. A iniciativa, baseada em metodologias ágeis e aprendizagem ativa, conquistou visibilidade a ponto de ser apresentada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, como exemplo de inovação acessível, prática e centrada nas pessoas.
“E o que mais chama a atenção é que mostramos que é possível desenvolver projetos desse porte em hospitais do Sistema Único de Saúde”, afirma Taveira. Com duração de seis meses, o Colmeia envolve desde a seleção cuidadosa das equipes até a implantação de soluções práticas para desafios reais do hospital.
Para Perseu Perruci, superintendente do Hospital Evangélico, o maior valor do programa está na transformação do ambiente de trabalho. “Acreditamos que todos os colaboradores podem contribuir para melhorar os serviços e proporcionar uma experiência positiva aos pacientes. O Colmeia trouxe ferramentas para isso se tornar realidade”, afirma.
Prêmio Federassantas de Boas Práticas
Criado há seis anos, o Prêmio Federassantas de Boas Práticas – Dr. Eduardo Levindo Coelho é uma iniciativa da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais que reconhece e valoriza projetos que contribuem para a melhoria da gestão hospitalar e da qualidade assistencial. A premiação promove o compartilhamento de experiências bem-sucedidas e estimula a replicação de boas práticas em instituições de todo o estado.
“As equipes de diversas áreas dos hospitais que participam dos projetos como o Prêmio Federassantas mostram um alto nível de envolvimento, satisfação e senso de valorização pelo trabalho, impulsionado por uma liderança comprometida. Isso gera ganhos para os pacientes, fortalece a instituição (tanto de menor quanto maior porte em Minas Gerais) e eleva a autoestima dos colaboradores. Trabalhadores são o maior patrimônio das nossas instituições. Quando estão inspirados, suas entregas se multiplicam — e isso se reflete diretamente na qualidade do atendimento aos usuários do SUS”, afirma a presidente da Federassantas, Kátia Rocha.
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