Idosa de 85 anos fica 47 horas em corredor de UPA aguardando leito de enfermaria em BH

Clara Mariz
@clara_mariz
12/01/2022 às 18:41.
Atualizado em 18/01/2022 às 00:52
 (Divulgação / Arquivo Pessoal)

(Divulgação / Arquivo Pessoal)

Divulgação / Arquivo Pessoal Pacientes estão sendo tratados nos corredores da UPA Odilon Behrens

Ficar 47 horas e 30 minutos no corredor à espera de um leito. Essa é a realidade de algumas pessoas que buscam tratamento nas unidades de saúde de Belo Horizonte. A nova onda da Covid-19 e o surto de gripe trouxeram, além do aumento das contaminações, uma crise no atendimento pelo SUS na capital.

Uma idosa, de 85 anos, está há quase dois dias na UPA Odilon Behrens à espera de leito de enfermaria para tratar uma crise de infecção urinária. Ela e a filha, de 54 anos, que pediram para não serem identificadas, chegaram à unidade de pronto-atendimento às 18h dessa segunda-feira (10) e, até as 17h30 desta quarta (12), não havia um leito para o tratamento.

A acompanhante contou ao Hoje em Dia que essa situação tem sido recorrente no local. Ela disse que os pacientes são separados por alas: dos que têm sintomas de doenças respiratórias; e aqueles com outros sintomas, caso da mãe dela. Porém, todos são atendidos nos corredores. À medida que os leitos vão sendo desocupados, quem está no corredor pode ganhar uma vaga.

"Os corredores já possuem locais com oxigênio instalado e as enfermeiras colocam o prontuário do paciente fixado na parede. Ou seja, o que era para ser uma exceção virou regra", afirmou.

A filha da paciente de 85 anos diz que muitos idosos que deram entrada na UPA Odilon Behrens tiveram que ficar sentados em cadeiras aguardando leito. "Nessa segunda, conheci uma senhora que o marido estava sendo atendido no corredor desde sábado. Ele estava em uma cadeira de rodas e não tinha nem uma maca para se deitar".

Ainda conforme a mulher, há apenas um enfermeiro para cuidar de cerca de sete pacientes. "Eu falo com as pessoas que nós temos que agradecer o sistema de saúde pública que temos aqui em BH, quando comparamos com outras capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo, a situação sempre está complicada. Mas, aqui, esses dias têm sido de puro caos, pouquíssimos profissionais para muitos pacientes".

Testagem 
Além da dificultade em conseguir profissionais para as unidades de saúde da capital, situação reconhecida pela Prefeitura, a filha da idosa que está sendo atendida na UPA lembrou que a cada dia mais trabalhadores estão sendo afastados por estarem positivos para a Covid-19.

Para ela, a forma com que os testes têm sido realizados também está atrapalhando o atendimento dos pacientes. "Nessa terça-feira de manhã, todos os profissionais pararam os atendimentos para que pudessem fazer o exame de Covid. Médicos e enfermeiros que estavam aguardando o teste ocuparam as cadeiras vermelhas destinadas a quem espera pela triagem, numa parte externa da UPA".Divulgação / Arquivo Pessoal Filha de idosa internada afima que profissionais pararam os atendimentos para serem testados

Prefeitura
Procurada, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, informou que nas últimas semanas as unidades de saúde têm apresentado aumento na demanda e, desde então, "tem empreendido todos os esforços para garantir um atendimento mais ágil para a população".

Segundo a PBH, uma das estratégias adotadas para resolver a crise de atendimento foi a ampliação do horário de funcionamento, inclusive aos finais de semana, de nove centros de saúde, um por regional, para o atendimento a pacientes com sintomas respiratórios. O funcionamento dessas unidades é das 7h às 22h30 durante a semana, e das 7h às 22h aos finais de semana e feriados.

Sobre a falta de profissionais, a prefeitura afirmou que mantém um banco de currículos ativo para a contratação imediata de médicos e que em 2021 realizou um concurso para a área da saúde. A homologação está prevista para janeiro, com a posse prioritária dos profissionais médicos em fevereiro.

A Secretaria Municipal de Saúde também informou que todos os trabalhadores das nove UPAs da capital que apresentam sintomas respiratórios vêm sendo testados desde o início da pandemia.

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