A Justiça de Minas manteve a prisão da servidora pública de 44 anos, presa sob suspeita de envolvimento no desvio de 220 armas de fogo que estavam armazenadas na 1ª Delegacia do Barreiro, em Belo Horizonte. A mulher passou por audiência de custódia nesta terça-feira (11).
Segundo a decisão, como a suspeita não foi presa em flagrante, a audiência foi realizada para avaliar a legalidade da prisão e a ausência de violação de direitos no cumprimento da prisão.
A defesa da servidora fez pedido de liberdade provisória que será analisado pelo juiz da 4ª Vara Criminal de Belo Horizonte. Ainda não há data prevista para a análise do pedido da defesa.
A mulher foi presa no último domingo (9), investigada pelo crime de peculato - desvio de bem público por funcionário. As investigações começaram após a Polícia Civil constatar o sumiço de mais de 200 armas, a maioria de baixo calibre e algumas consideradas obsoletas.
Servidora trabalha na PC há mais de 10 anos
Segundo informações do governo de Minas, a servidora efetiva foi aprovada em concurso público realizado pela Polícia Civil em 2013 e nomeada para o cargo de analista e atividades governamentais da instituição em julho do ano seguinte. Em 2020, ela foi transferida para a delegacia do Barreiro, de onde desapareceram 220 armas.
A servidora foi detida pela Corregedoria-Geral da PCMG em casa, no bairro Salgado Filho, na região Oeste da capital.
Início da investigação
Fontes ligadas à investigação informaram que o caso começou a ser apurado após uma arma que deveria estar apreendida na delegacia ser encontrada durante uma ocorrência em Contagem, na Grande BH. O fato causou estranhamento e, ao realizar uma conferência no acervo de armamentos apreendidos, os policiais notaram a falta de outros itens. Parte das armas teria sido vendida para organizações criminosas, como o Terceiro Comando Puro (TCP), do Cabana do Pai Tomás.
De acordo com o delegado-geral da corporação, Rômulo Guimarães Dias, as armas desaparecidas são de “baixo calibre” ou “obsoletas”, que não são mais utilizadas no serviço ativo ou cujas munições não são mais produzidas comercialmente.
Um dos três boletins de ocorrência dos mandados cumpridos no dia da prisão aponta que policiais receberam informações, de uma fonte que pediu para não se identificar, que a servidora andava armada, causava problemas no bairro, fazia viagens ao exterior e ostentava uma vida incompatível com sua renda. De acordo com o Portal da Transparência, a servidora recebeu um salário bruto de R$ 7,5 mil em setembro deste ano.
Interlocutores ligados à Polícia Civil disseram ainda que recentemente a servidora teria comprado dois carros de alto padrão e feito procedimentos estéticos. A investigação apura se o estilo de vida seria compatível com a renda dela.
O que diz a defesa e a PCMG
Em nota, a Polícia Civil informou que foi instaurado um inquérito policial para apurar o caso: “A PCMG esclarece que a servidora investigada foi encaminhada ao sistema prisional, e os materiais apreendidos foram direcionados à perícia técnica para as devidas análises”.
Já a defesa da mulher disse que a prisão foi desproporcional e que nada de ilícito foi encontrado durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão.
Leia mais: