
Escada rolante e elevadores parados, bebedouros estragados, goteiras, pichação, falta de banheiros e até fezes de pombo. Enquanto os usuários pagam cada vez mais caro pelo bilhete do metrô, o reajuste escalonado, desde maio de 2019, vai na contramão das melhorias no modal. Há ainda quem reclame que os problemas no sistema pioraram. O quinto aumento da passagem será nesse domingo.

Na Estação Vilarinho, escada rolante sem funcionar é tormento para passageiros, principalmente idosos e pessoas com mobilidade reduzida
Até abril do ano passado custando R$ 1,80, o preço agora vai subir para R$ 4. Com o novo valor, a tarifa mais do que dobrou nos últimos oito meses. Atualmente, ela é de R$ 3,70.
Nessa sexta-feira (3), a reportagem do Hoje em Dia circulou pelas estações e flagrou diversas falhas. Baldes espalhados para conter goteiras, piso molhado e escorregadio, vandalismo dentro e fora dos terminais e falta de acessibilidade foram algumas.
Quem passa pela Estação Vilarinho, em Venda Nova, garante que duas escadas rolantes que dão acesso à plataforma pararam de funcionar há cerca de três meses. Tapumes foram colocados sinalizando que a manutenção será demorada.
Porém, apesar dos relatos, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) afirmou, em nota, que os equipamentos estão inoperantes desde a madrugada de quinta-feira, devido à lama decorrente das enchentes na região. As goteiras também seriam em função das tempestades, que, conforme o órgão, provocaram danos em várias estações.
O bilhete custará R$ 4,25 – 136% a mais que em abril de 2019. Por dia, conforme a CBTU, 190 mil pessoas utilizam o meio de transporte
Inoperantes
Já na Central, o problema é o elevador. Leonídio Augusto da Silva, de 82 anos, que usa bengala, chegou a esperar o dispositivo por cerca de três minutos. Ao constatar que estava inativo, foi obrigado a subir vários degraus até o local de embarque. “Aqui não tem escada rolante que sobe. Só desce. Deviam pensar mais em quem tem a mobilidade reduzida”, lamentou o idoso, que utiliza o metrô diariamente.
Dificuldade também para a aposentada Marina Alves dos Santos, de 63, na Estação Vila Oeste. Sem a ajuda de outros usuários, a mulher, recém-operada do joelho, não teria conseguido descer as escadas comuns. “É uma pena que nem todas as plataformas tenham uma (rolante)”.
Os passageiros também se queixaram do impasse sobre a expansão do metrô. A CBTU informou que reunião, no ano passado, tratou sobre recursos para o trecho Calafate-Barreiro, mas ainda não há definições

Incompatíveis
“Até o momento não percebi nenhum benefício. Os reajustes não foram revertidos para os passageiros, e não estão compatíveis com a realidade”, disse a assistente administrativa Jacqueline Lemos, de 45 anos.
Ainda segundo a CBTU, o aumento foi necessário porque, há 13 anos, a tarifa estava sem revisão devido à política tarifária de governos anteriores.
Posicionamento
Em nota, a companhia disse que, nessa sexta-feira, elevadores e escadas rolantes da Estação Central operavam normalmente. Já os componentes eletrônicos do equipamento que liga o terminal Lagoinha à avenida do Contorno queimaram, por conta de intempéries. O conserto foi contratado.
Segundo a CBTU, os bebedouros da Cidade Industrial foram retirados, em dezembro, para manutenção. A previsão é de que sejam repostos até a próxima semana.
Sanitários públicos
Sobre banheiros nas plataformas, o órgão ressaltou que os das estações Eldorado e Lagoinha são administrados, respectivamente, por permissionário e pela companhia, com entrada a R$ 0,50. Na São Gabriel, são de responsabilidade do DEER e da BHTrans.
Na Vilarinho é possível usar as estruturas do shopping. Nas plataformas Cidade Industrial, Gameleira, Carlos Prates, Santa Efigênia, Santa Tereza, Horto, Santa Inês, Minas Shopping, Primeiro de Maio, Waldomiro Lobo e José Cândido da Silveira é necessário solicitar ao supervisor a chave para acesso ao sanitário.
Onde não há banheiro público (Calafate, Vila Oeste, Central e Floramar), em caso de emergência, é possível pedir permissão de uso dos destinados aos funcionários.
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