O médico Álvaro Ianhez, condenado a 21 anos e oito meses de prisão pela morte e retirada ilegal dos ógãos do menino Paulo Veronesi Pavesi, de 10 anos, no ano 2000, em Poços de Caldas, no Sul de Minas, segue em liberdade. O mandado de prisão foi expedido na última quarta-feira (20).
Ao Hoje em Dia, a Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais informou que o médico ainda não deu entrada em nenhum sistema prisional do Estado. Por sua vez, a Polícia Civil ainda não informou se recebeu ou já cumpriu o mandado de prisão.
Ianhez foi condenado por homicídio qualificado por motivo torpe. O juiz responsável pelo caso considerou o crime hediondo, devido à vítima ser criança, e não concedeu ao condenado a possibilidade de recorrer em liberdade.
Segundo a denúncia do Ministério Público, Álvaro e outros médicos são acusados de adotar procedimentos ilegais para forjar a morte cerebral de Paulo Pavesi e, em seguida, retirar e transplantar os órgãos do menino.
O júri de Ianhez começou na última segunda (18) pela manhã, foi interrompido no início da noite e terminou na terça (19). Seis pessoas prestaram depoimento, incluindo o pai da criança, que foi ouvido como informante, além do próprio réu. Todos os depoimentos foram feitos por videoconferência. O médico estava em São Paulo (SP) e o pai da vítima foi ouvido de Milão, na Itália. As outras testemunhas estavam em Poços de Caldas, Campinas (SP), Porto Alegre (RS) e Cruzília (MG).
Outros envolvidos
Em janeiro deste ano, a Justiça condenou a 25 anos de prisão dois dos três médicos envolvidos na morte de Paulo: José Luis Gomes da Silva e José Luis Bonfitto. Eles também não poderão recorrer em liberdade.
Marco Alexandre Pacheco da Fonseca foi absolvido pelo júri. A conclusão é que a atitude dele não gerou a causa da morte do menino. Outros médicos ainda serão julgados.
Caso Pavesi
Em 19 de abril de 2000, Paulo Veronesi Pavesi, de 10 anos, caiu de uma altura de 10 m no prédio em que morava em Poços de Caldas. O menino foi levado para o Hospital Pedro Sanches e, dois dias depois, transferido para a Santa Casa da cidade, onde os médicos teriam constatado a morte cerebral e os órgãos da criança foram retirados e transplantados.
De acordo com a Justiça, os profissionais adotaram procedimentos incorretos na declaração de morte e remoção dos órgãos do garoto. A suspeita é que ele estava clinicamente vivo quando seus órgãos foram retirados.
O caso levou a uma investigação sobre irregularidades no esquema de transplante de órgãos em Poços de Caldas.
A conclusão do inquérito da Polícia Federal apontou que o exame para constatar a morte cerebral de Paulo Veronesi foi feito de forma irregular.
A investigação deu origem a outros inquéritos e a Santa Casa perdeu o credenciamento para realizar transplantes de órgãos. De acordo com o Ministério Público, a documentação que comprovou a morte encefálica do menino foi forjada com objetivo de tornar a criança uma doadora.
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