
O médico Álvaro Ianhez foi condenado a 21 anos e oito meses de prisão, em regime fechado, pela morte e retirada ilegal dos órgãos do menino Paulo Veronesi Pavesi, de 10 anos, no ano 2000, em Poços de Caldas, Sul de Minas.
Por se tratar de uma criança, o juiz considerou o crime como hediondo e o médico foi acusado de homicídio qualificado por motivo torpe. O condenado não poderá recorrer em liberdade.
Segundo a denúncia do Ministério Público, Álvaro e outros médicos são acusados de adotar procedimentos ilegais para forjar a morte cerebral de Paulo Pavesi e, em seguida, retirar e transplantar os órgãos do menino.
O júri de Ianhez começou nessa segunda-feira (18) pela manhã e o julgamento foi interrompido no início da noite. Seis pessoas prestaram depoimento, incluindo o pai da criança, que foi ouvido como informante, além do próprio réu. Todos os depoimentos foram feitos por vídeoconferência. O médico estava em São Paulo (SP) e o pai da vítima foi ouvido de Milão, na Itália. As outras testemunhas estavam em Poços de Caldas, Campinas (SP), Porto Alegre (RS) e Cruzília (MG).
Em janeiro deste ano, a Justiça condenou a 25 anos de prisão dois dos três médicos envolvidos na morte de Paulo: José Luis Gomes da Silva e José Luis Bonfitto. Eles também não poderão recorrer em liberdade.
Marco Alexandre Pacheco da Fonseca foi absolvido pelo júri. A conclusão é que a atitude dele não gerou a causa da morte do menino. Outros médicos ainda serão julgados.
Caso Pavesi
O caso teve início em 19 de abril de 2000, quando Paulo Veronesi Pavesi, de 10 anos, caiu de uma altura de 10 m no prédio onde morava, em Poços de Caldas.
O menino foi levado para o Hospital Pedro Sanches e, dois dias depois, transferido para a Santa Casa da cidade, onde os médicos teriam constatado a morte cerebral e os órgãos da criança foram retirados e transplantados.
De acordo com a Justiça, os profissionais adotaram procedimentos incorretos na declaração de morte e remoção dos órgãos de Paulo Veronesi. A suspeita é que o menino estava clinicamente vivo quando seus órgãos foram retirados.
O caso levou a uma investigação sobre irregularidades no esquema de transplante de órgãos em Poços de Caldas.
A conclusão do inquérito da Polícia Federal apontou que o exame para constatar a morte cerebral de Paulo Veronesi foi feito de forma irregular.
A investigação deu origem a outros inquéritos e a Santa Casa perdeu o credenciamento para realizar transplantes de órgãos. De acordo com o Ministério Público, a documentação que comprovou a morte encefálica do menino foi forjada com objetivo de tornar a criança uma doadora.
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