Mensagem de suposto envenenamento coletivo circula nas redes sociais e apavora moradores do Buritis

Daniele Franco
dfmoura@hojeemdia.com.br
Publicado em 05/01/2020 às 16:04.Atualizado em 27/10/2021 às 02:11.
 (Reprodução)
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Mensagens que circulam nas redes sociais desde a última semana de dezembro têm causado alarde entre moradores do bairro Buritis, região Oeste de Belo Horizonte. Segundo os textos, no mínimo cinco pessoas teriam sido vítimas de envenenamento e estariam internadas em estado grave em hospitais da capital, e outra já teria morrido. A Secretaria Municipal de Saúde negou óbitos e disse haver quatro internações.

Boato

Embora existam mesmo internações de moradores ou pessoas que passaram pelo bairro no fim do ano, não foi encontrada qualquer relação entre os enfermos. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, quatro casos de internações em hospitais particulares da cidade em dezembro são acompanhados, alimentos ingeridos pelas pessoas foram recolhidos e estão sendo analisados, mas não há obitos em investigação.

Um dos casos citados nos boatos é o de Cristiano Mauro Assis Gomes, internado no dia 23 de dezembro, após passar 30 horas sem conseguir urinar. A informação é da filha dele, Isabella Schayer, que contou à reportagem que ela e a mãe têm tentado desmentir o boato que envolve o homem. "Essa informação é falsa, já conversamos com um delegado de Polícia e já fizemos postagens para esclarecer tudo", declara.

Amiga da família, Isabella Zenha detalhou que Cristiano foi internado no Biocor, no Vila da Serra, em Nova Lima, porque não conseguia urinar. O quadro evoluiu rápido e hoje ele está entubado por dificuldades respiratórias, sendo tratado desses sintomas. "Os médicos estão empenhados, agora, em descobrir o que levou a esse quadro, mas não tem nenhum diagnóstico por envenenamento fechado", contou. Segundo a moça, a família soube dos outros casos pelas mensagens, com exceção do vizinho do prédio da frente, cujo caso foi relatado antes e algumas semelhanças foram percebidas.

O Hospital da Unimed também é citado nas mensagens como local de internação de outros pacientes. Segundo a assessoria da instituição, dois pacientes deram entrada com insuficiência renal e neuropatia motora progressiva nos dias 22 e 25 de dezembro. Em nota, o hospital informou que os diagnósticos diferenciais ainda não foram confirmados e que os pacientes estão internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) sob os cuidados de uma equipe multidisciplinar. A Unimed não menciona qualquer relação entre os dois.

Também citado, o Hospital Felício Rocho confirmou a internação na unidade de um dos pacientes em investigação pela Vigilância Sanitária, mas não deu mais detalhes e declarou que outras informações serão passadas pelos órgãos competentes. Os hospitais Madre Teresa e Biocor, citados nos textos e procurados pela reportagem, não retornaram o contato.

A família pede doação de sangue para Cristiano. Os interessados podem doar na Rua Paisagem, 250, no Biocor, e informar o nome dele: Cristiano Mauro Assis Gomes.

Cerveja

Uma das especulações das mensagens que circulam nas redes é a de que o ponto que liga as vítimas, além do bairro, seria que todos teriam bebido a cerveja Belorizontina antes de serem internados. Os textos ainda apontam que a Vigilância Sanitária já estaria investigando o caso para apurar se houve contaminação no armazenamento da cerveja em pontos de venda da região, sendo que um deles cita o Supernosso como local onde a bebida teria sido contaminada.

A Vigilância Sanitária, por sua vez, confirmou que há uma investigação em curso para apurar contaminação durante um evento, mas não deu detalhes do local, da data ou do número de pacientes contaminados. Os alimentos servidos no evento foram recolhidos para análise e o inquérito epidemiológico já foi aberto para investigação mais detalhada. O órgão não foi informado sobre onde os alimentos foram adquiridos.

Isabella Zenha ainda esclareceu que Cristiano não participou de nenhuma festa antes de ser internado.

Por sua vez, a Backer, empresa que fabrica a Belorizontina, emitiu uma nota negando qualquer envolvimento com o caso. " Devido ao grande sucesso da Belorizontina e a grande concorrência no mercado, utilizam dessa notícia MENTIROSA, para atingir a marca Belorizontina que é tão querida pelos mineiros e não passa de uma tentativa de denegrir a nossa imagem.", diz o posicionamento (leia abaixo na íntegra).

Já o Grupo Supernosso se posicionou classificando a narrativa como infundada e afirmando que mantém um alto controle de qualidade em suas unidades. "A Cervejaria Backer é nossa parceira há anos e acreditamos firmemente que são apenas boatos para comprometer a imagem de uma marca de sucesso", informou em nota. 

Procurada, a Polícia Civil informou que não há nenhum registro de boletim de ocorrência sobre o caso, mas que a instituição vai "instaurar diligência de investigação preliminar a fim de verificar se o fato tem indícios de crime". Devem ser feitas entrevistas e comunicação com outros órgãos estatais para averiguar os fatos. Somente a partir daí, se constatado algum indício de crime, é que será aberto um inquérito policial.

Posicionamento Backer

Nos 20 anos de história da cervejaria sempre prezamos, acima de tudo, pela qualidade de nossos produtos, que  são produzidos e monitorados por excelentes profissionais do setor, pelo nosso laboratório interno e chancelados por laboratórios externos credenciados. Nossos fornecedores de matéria prima enviam laudos e certificados de cada lote dos insumos utilizados de cada produção. Monitoramos todos os lotes de cervejas que vão para o mercado e somos fiscalizados por todos os órgãos de vigilância sanitária e Ministério da Agricultura. Devido ao grande sucesso da Belorizontina e a grande concorrência no mercado, utilizam dessa notícia MENTIROSA, para atingir a marca Belorizontina que é tão querida pelos mineiros e não passa de uma tentativa de denegrir a nossa imagem. As medidas legais já estão sendo tomadas para punir os responsáveis dessa MENTIRA.

*Colaborou Bruno Inácio

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