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Descarte

Metanol: basta quebrar as garrafas de bebidas e jogar no lixo?

Especialista em segurança pública alerta que a medida tem efeito limitado e não resolve a raiz do problema do crime

Ana Luísa Ribeiro*
aribeiro@hojeemdia.com.br
Publicado em 18/10/2025 às 14:38.Atualizado em 18/10/2025 às 14:44.

Em meio à crise sanitária causada pelo metanol, que já resultou em oito mortes e 41 doentes no país, cresce a orientação para o descarte adequado das garrafas de bebidas. A medida tem o objetivo de dificultar a reutilização dos vidros por falsificadores. A ação é válida, mas deve ser feita da maneira correta e não ser vista como a única "solução" para o problema.

O primeiro ponto é não descartar o vidro — mesmo que quebrado — no lixo comum da coleta urbana. Os resíduos devem ser levados para pontos de coleta de reciclagem autorizados. Segundo o especialista em segurança pública Luiz Flávio Sapori, o descarte correto "tem efeito atenuante, mas de larga escala é muito pequeno. Essa medida sozinha não acaba com esse tipo de crime".

Em Minas Gerais, uma série de operações policiais desmantelou oito fábricas clandestinas de bebidas nas últimas semanas, com quase 20 mil garrafas apreendidas. A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) também investiga a morte de um homem em Itajubá por suspeita de intoxicação por metanol.

Sapori destaca que o cenário mineiro deve ser tratado como problema pontual, mas que exige resposta imediata das forças de segurança. “É muito pouco provável que o PCC ou o Comando Vermelho estejam envolvidos. Tradicionalmente e historicamente, não tem sido uma atuação de facções criminosas”, afirmou.

Segundo o especialista, o uso de metanol é raro e economicamente inviável. “Casos como o da Backer, aqui em Minas, ou os recentes em São Paulo são isolados. É improvável que falsificadores usem metanol porque é muito pouco lucrativo e tende a matar o consumidor”, disse.

Para Sapori, o caminho é reforçar a inteligência policial e a articulação entre órgãos públicos. “E cabe também aos comerciantes comprar de revendedoras autorizadas. Esse segmento é a principal barreira para o comércio ilegal florescer”, enfatizou.

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MG) recomenda que as garrafas vazias sejam inutilizadas antes do descarte, impedindo o reuso por criminosos. “A falsificação e adulteração de bebidas são crimes graves contra o consumidor e geram prejuízos diretos aos estabelecimentos sérios. Recomendamos que garrafas vazias sejam quebradas antes do descarte, impedindo o reuso criminoso”.

A associação classificou o surto de intoxicações registrado em São Paulo como “alerta grave de saúde pública”, defendeu ações preventivas mais rigorosas e criticou a lentidão na divulgação dos primeiros casos. Segundo a Abrasel, o combate deve envolver fiscalização constante em fábricas ilegais e distribuidoras, com participação ativa do poder público e do setor produtivo.

*Estagiária, sob supervisão de Gledson Leão

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