malha federal

Minas lidera roubos de carga nas estradas, com pelo menos um caso por dia

Raíssa Oliveira e Raquel Gontijo
portal@hojeemdia.com.br
Publicado em 10/10/2022 às 07:00.
 (Divulgação/PRF)

(Divulgação/PRF)

As estradas mineiras lideram, com muita folga, o ranking nacional de roubos de carga. O número de crimes supera até mesmo a soma das ocorrências nos três estados que aparecem na sequência da lista. Juntos, Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo tiveram 170 assaltos neste ano, contra 198 em Minas. O tamanho da malha rodoviária explica o cenário, que reforça o alerta a motoristas, transportadoras e seguradoras.

Além dos roubos, os dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), de janeiro a setembro, também colocam Minas no topo dos saques de mercadorias. Foram 57 furtos em nove meses. Na prática, pelo menos um condutor de caminhão foi vítima da ação de bandidos por dia em 2022. Na comparação com o mesmo período de 2021, houve recuo.

Apesar da redução dos crimes, as transportadoras reclamam. No ano passado, o prejuízo passou de R$ 2,4 bilhões entre mercadorias e caminhões tomados pelos assaltantes. Em 80% dos delitos, os veículos são recuperados. 

“O setor é obrigado a trabalhar com seguro porque, junto, existe um gerenciamento de risco, um conjunto de medidas para garantir que a carga vai ser entregue com segurança”, afirma o coronel Paulo Roberto de Souza, assessor de segurança da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística).

Dentre as medidas, não dar carona nem conversar sobre a carga e jamais parar em locais escuros ou suspeitos. Em alguns casos, é necessária escolta armada e uma espécie de bloqueador de porta. Quanto maior o valor da mercadoria, maiores as exigências. “Se o motorista perceber que um veículo leve está há muito tempo atrás do caminhão, deve entrar em um posto de combustível ou policial”, acrescenta Souza.

Apesar dos riscos, o especialista em segurança pública, coronel Gedir Rocha, diz que o número de crimes é baixo ao se considerar a malha rodoviária. Dados do governo de Minas mostram que as estradas mineiras equivalem a 16% das rodovias estaduais, federais e municipais do país. 

Segundo ele, forças-tarefa têm sido montadas pelos órgãos de segurança para monitorar as vias. “Existe um trabalho feito pela PRF, em conjunto com as polícias Militar e Civil, para inibir a ação dos bandidos. Nos últimos anos, as instituições investiram em novas ferramentas de controle, estratégias específicas e inteligência para coibir essa prática”, afirma.

O especialista ainda faz um apelo para que a sociedade denuncie mercadorias vendidas a preços muito baixos e sem notas fiscais. Para ele, coibir a receptação dos produtos roubados é a chave para reduzir os crimes. 

Polícia Civil, PRF e os sindicatos da União Brasileira dos Caminhoneiros e dos Transportadores Rodoviários de Minas foram procurados para falar sobre o assunto, mas não se pronunciaram.

Relembre casos 
Em 26 de setembro, dois homens foram presos por envolvimento em uma quadrilha de roubo de cargas, no bairro Jardim Filadélfia, na região Noroeste de BH. Os suspeitos teriam tomado um carregamento de cigarros, avaliado em quase R$ 600 mil. O crime ocorreu na BR-381, em São Gonçalo do Rio Abaixo, na região Central, a 84 km da capital.

Em um caso de maior repercussão, em março, três homens foram presos após roubo de armas da empresa Taurus, em Igarapé, na Grande BH. A polícia recuperou dois veículos. O arsenal seria usado para a prática de crimes violentos, segundo a PM.

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