
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vai recomendar à Justiça que derrube a liminar que autorizava a Backer a produzir cervejas em tanques que não estavam lacrados. A informação foi dada nesta sexta-feira (17) pela rádio Itatiaia e confirmada pelo Hoje em Dia com assessores do órgão.
Um recurso que está na própria decisão será usado pelo órgão para fazer a recomendação, já que foi solicitado o envio de relatórios sobre a situação de todos os tanques da empresa em 48 horas para a 14ª Vara da Seção Judiciária de Minas Gerais. A proposta é enviar a lista com 21 lotes contaminados à juíza Anna Cristina Rocha Gonçalves, responsável pela decisão, informando de riscos à saúde das pessoas.
Nessa quinta-feira (16), a magistrada julgou que a Backer pode envasar a cerveja que esteja em tanques não lacrados pelo Ministério, mas sem comercializá-la, até a liberação da pasta. A decisão foi tomada após a cervejaria entregar à Justiça um suposto vídeo no qual o fornecedor de monoetilenoglicol estaria sabotando o produto entregue à empresa.

O conteúdo do vídeo, porém, não embasou a decisão. A juíza concedeu a liminar acolhendo duas argumentações da cervejaria. Uma, de que é preciso haver razoabilidade, já que a atividade desenvolvida pela Backer emprega 800 pessoas e não há laudo definitivo sobre as investigações. Outra, pois até o momento do julgamento, apenas lotes da Capixaba e da Belorizontina, produzidas no tanque 10 da fábrica, estariam contaminados.
“Me parece que a decisão foi tomada pela juíza antes do conhecimento de que outras marcas da cervejaria estavam também contaminadas. Esperamos haja uma revisão liminar judicial para determinar que não seja autorizado o envaso dos produtos, bem como manter a decisão já tomada pelo Ministério do recall de todas as marcas de todos os produtos da Cervejaria Backer”, disse o superintendente do Mapa em Minas, Marcílio Magalhães, em entrevista à Itatiaia.
Até a tarde desta sexta (17), a Secretaria de Estado de Saúde (SES) havia sido notificada de 18 casos suspeitos de intoxicação por dietilenoglicol. Quatro pessoas morreram. Exames laboratoriais já comprovaram a intoxicação em quatro dos casos investigados, incluindo em uma das pessoas que faleceram. Os resultados dos outros pacientes devem ser divulgados nos próximos dias.
A reportagem do Hoje em Dia procurou tanto a 14ª Vara da Seção Judiciária de Minas Gerais, quanto o Ministério Público e o Mapa, para saber se alguma medida seria tomada oficialmente já que a liminar havia sido concedida antes da divulgação de novos lotes de cerveja contaminados. Nenhum dos órgãos respondeu as demandas, até o momento.
