
Os 14 pacientes internados com suspeita de intoxicação pela substância química dietilenoglicol (DGE) estão em estado grave e correm risco de morte. A informação foi divulgada, na manhã desta sexta-feira (17), pela Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES/MG).
Conforme a pasta, as vítimas, que possivelmente foram intoxicadas após a ingestão de cervejas da marca Belorizontina, podem ficar com sequelas permanentes. “Esse tipo de intoxicação é raro e pouco estudado na literatura médica", admitiu Virgínia Andrade, diretora do Hospital Eduardo de Menezes e integrante da força-tarefa criada pela SES.
No Brasil, não há nenhum registro de casos semelhantes nos últimos 40 anos. "Por isso, não sabemos como os pacientes vão evoluir”, explicou a médica. Coordenador do Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Minas, Adebal de Andrade Filho acrescentou que todas as vítimas estão com comprometimento nos sistemas renal e neurológico. “Podem evoluir para o óbito”, declarou.
Balanço
Até o momento, a SES foi notificada de 18 casos suspeitos. Deste total, quatro morreram. Exames laboratoriais já atestaram a intoxicação por DEG em quatro vítimas, incluindo em uma das que faleceram. Os resultados dos outros pacientes devem ser divulgados nos próximos dias.
Para o superintendente de Vigilância Sanitária, Filipe Curzio Laguardia, os casos de intoxicação podem aumentar, já que todas as unidades de saúde do Estado foram orientadas a notificar a SES sobre qualquer suspeita. "Nossa investigação passou também para os casos mais leves, para que possa ser feito o tratamento adequado", explicou.
Nesta sexta-feira (17), a SES realizou a primeira coletiva para esclarecer sobre os casos de intoxicação que, desde o início do ano, estavam sendo tratados como "doença misteriosa". Confira abaixo o que cada especialista falou:
Demora
Durante coletiva nesta manhã, a SES informou que, a partir de agora, os casos que até então eram denominados como "síndrome nefroneural", passam a ser classificados como intoxicação por dietilenoglicol. A pasta também explicou que, atualmente, apenas a Polícia Civil possui a tecnologia necessária para detectar o DEG nos pacientes internados. Por isso a demora na confirmação dos casos.
O Estado garantiu que já está providenciando recursos para que a Fundação Ezequiel Dias (Funed) também seja capaz de realizar os exames.
Defesa
A cervejaria Backer reforçou que não utiliza dietilenoglicol em seus processos de produção, mas, sim, o monoetilenoglicol. O fornecedor desta substância foi alvo de operação da Polícia Civil nesta quinta-feira (16). A cervejaria entregou um vídeo à Polícia Civil com imagens que comprovariam um possível caso de sabotagem.
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