Ministro diz que suspensão da vacinação de adolescentes sem comorbidades se deve a eventos adversos

Marina Proton (*)
mproton@hojeemdia.com.br
16/09/2021 às 17:54.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:53

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou, nesta quinta-feira (16), que a recomendação da pasta pela suspensão da vacinação de adolescentes sem comorbidades contra a Covid-19 está atrelada aos casos de eventos adversos ao imunizante notificados ao governo federal. 

Durante coletiva de imprensa, o titular da pasta disse que cerca de 1.500 notificações foram identificadas. Dentre elas, a morte de um adolescente no estado de São Paulo. O episódio, no entanto, ainda está sendo investigado e será avaliado se a causa do óbito foi mesmo o imunizante. 

A maioria dos eventos adversos, 93%, ocorreu no público que recebeu imunizantes sem autorização para uso em adolescentes. No Brasil, apenas a Pfizer pode ser administrada em jovens de 12 a 17 anos, segundo recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Primeiro pelos eventos adversos, segundo porque o próprio Reino Unido recuou e tem a questão da miocardite que está relacionada a vacina da Pfizer. Nós já temos as informações que a miocardite que a Covid provoca é mais grave do que a provocada pela vacina. Mas vamos observar, temos que ter cautela, a evidência científica não é sólida”, disse.

Estados adiantaram imunização

Ainda segundo o ministro, estados e municípios iniciaram a campanha para jovens antes mesmo do prazo estipulado pela pasta: 15 de setembro. Sendo assim, quase 3,5 milhões já receberam a proteção contra o vírus, mas de uma maneira "intempestiva". "O Plano Nacional de Imunização disse que era a partir de ontem. Como conseguimos coordenar uma campanha nacional dessa forma? Quero pedir que os estados sigam recomendação do PNI e não apliquem vacinas que não têm recomendação da Anvisa. Além da Pfizer, outras vacinas estavam sendo aplicadas”, afirmou. 

Também durante a coletiva, a secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite, mencionou ainda a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o assunto. 

“A OMS não recomenda, mas sugere que pode se pensar (na imunização de adolescentes) a partir do momento que tenha vacinado toda a população, principalmente as mais vulneráveis, com duas doses”, disse.

Perguntados se a suspensão teria relação com a falta de vacinas, os representantes do ministério descartaram essa hipótese e afirmaram que não há problema de abastecimento de doses no país. “Não falta vacina. Será que elas foram utilizadas de forma inadvertida? Provavelmente”, sugeriu a secretária Rosana Leite.  

Sem segunda dose

Diante da suspensão, os adolescentes sem comorbidades que receberam a primeira dose não devem ter a aplicação da segunda dose. A orientação de interromper a imunização vale também para aqueles com comorbidades que tomaram a primeira dose da AstraZeneca ou CoronaVac. 

Apenas os adolescentes com comorbidades que receberam o produto da Pfizer na primeira dose podem seguir com o processo de imunização e completar o ciclo vacinal. “Por uma questão de cautela até que se tenha mais evidências. Apenas os com comorbidades podem completar o esquema vacinal, mas aqueles que tomaram a vacina diferente da Pfizer devem parar por aí. Não vou autorizar a intercambialidade, não dá”, completou o ministro.

(*) Com informações da Agência Brasil

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