
A recomendação do Ministério da Saúde de não imunizar contra a Covid adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades - já com a vacinação desse público em andamento em muitas cidades brasileiras - gerou surpresa e foi criticada por alguns especialistas.
Para o infectologista Unaí Tupinambás, membro do Comitê de enfrentamento à Pandemia de Belo Horizonte, a mudança foi inadequada.
“Pegou todo mundo de surpresa. Achei um absurdo essa decisão tão radical”, afirmou o médico ao Hoje em Dia.
A recomendação da pasta federal restringe a imunização desse público somente às pessoas que apresentem deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privadas de liberdade.
Segundo a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, a decisão foi revisada principalmente porque a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomenda a imunização de crianças e adolescentes e que os benefícios da imunização desse público “ainda não estão claramente definido”.
De acordo com Unaí Tupinambás, outros países até iniciaram a aplicação com um imunizante diferente do administrado no Brasil. Por aqui, essa população estava autorizada a receber somente a Pfizer.
“Chile e China estão usando a CoronaVac em crianças. No Chile, acima de 5 anos. Então, não entendo por que a gente não usaria a CoronaVac nessa população de 12 a 17 anos e a Pfizer na população mais idosa, por exemplo”, afirmou, avaliando, ainda, que a medida seria "descabida e irresponsável".
“Eu acho que, talvez, seja uma irresponsabilidade do Ministério da Saúde ter feito a suspensão da nota técnica em tão pouco tempo, sendo que muitas pessoas já foram vacinadas com a primeira dose. Fico até pensando se não teria algum interesse que não só o científico”, concluiu.
A inclusão dos adolescentes no Plano Nacional de Imunização (PNI) havia sido confirmada em julho pelo ministério.