Missão da UFMG no Egito descobre outra tumba ao explorar estrutura inédita

Daniele Franco*
14/03/2019 às 18:57.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:48
 (Reprodução/Facebook)

(Reprodução/Facebook)

A expedição comandada arqueólogos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que explora uma tumba inédita no Egito rendeu mais frutos do que o esperado. Além da Tumba tebana 123, já prevista no planejamento da equipe, os pesquisadores encontraram uma segunda tumba logo abaixo da primeira.

O grupo partiu para a cidade egípcia de Luxor, no sul do país africano, com a expectativa de desbravar a tumba 123, inexplorada, em janeiro deste ano. Em entrevista ao Hoje em Dia em outubro do ano passado, o professor José Roberto Pellini, arqueólogo e responsável pelo Programa Brasileiro de Arqueologia no Egito (Bape, em inglês), se mostrou ansioso e com expectativas elevadas sobre as descobertas na tumba, mas não mencionou a possibilidade da existência de uma segunda.

A descoberta foi revelada pela TV UFMG nesta quinta-feira (14) e o professor contou à reportagem da universidade que a nova estrutura é posterior à tumba 123, do século XVIII, e abriga sete indivíduos enterrados. Ao Hoje em Dia, Pellini também assumiu a probabilidade de que outras famílias tivessem vivido na tumba em tempos mais recentes.

A próxima expedição, marcada para 2020, deve explorar novas partes da tumba 123, onde o pesquisador também aponta a possibilidade de mais surpresas. 

Primeira missão

A Tumba Tebana 123 é o primeiro desafio da primeira equipe comandada por brasileiros em uma exploração no Egito, denominado  Projeto Amenenhet. O processo começou em 2016 com o reconhecimento e limpeza do local e, durante esses trabalhos, Pellini contou que já haviam sido encontrados diversos artefatos com estado de conservação bastante satisfatório. “Pedaços de sarcófagos, por exemplo, foram encontrados com desenhos e cores muito bem preservados, o que indica que o que está dentro da tumba também pode ter as mesmas características”, detalhou o professor antes da expedição de 2019. 

Nesta terceira etapa, a escavação do local levou em conta o viés antropológico da pesquisa, de interação com a comunidade do entorno. A descoberta da nova tumba abriu novas possibilidades de estudo para o grupo, que já tem em vista a próxima etapa de campo, em 2020.

Realidade virtual

Além da descoberta e exploração da tumba, o projeto da UFMG quer permitir uma experiência única no local, a quem quiser, de onde estiver. Um dos objetivos do Bape é criar o primeiro tour virtual em uma tumba no Egito, acessível a todos de onde estiverem.

Para o projeto de imersão em realidade virtual, os pesquisadores, à medida que escavam a tumba, produzem imagens em 3D dos ambientes, das estruturas, e criam a experiência de “visita de onde estiver”. Além das imagens, quem entrar na experiência em realidade virtual também poderá sentir os objetos como se os estivesse tocando através de luvas de impressão de tato. Algumas das primeiras imagens captadas em 3D foram compartilhadas na página do projeto no Facebook.

Com essa ferramenta, Pellini acredita que pode inaugurar uma nova prática na arqueologia, que, a seu ver, explora pouco as possibilidades de unir história a ferramentas tecnológicas. Ainda segundo o pesquisador, a concretização do projeto de realidade virtual tem o potencial de revolucionar a metodologia arqueológica, uma vez que vai permitir acesso irrestrito aos elementos e às estruturas de um sítio.

“A nossa intenção é mais do que simplesmente acadêmica, de descoberta para os estudiosos, tanto que dentro do nosso projeto também realizamos trabalhos antropológicos no local, com as pessoas comuns, para entender o olhar que elas têm sobre o patrimônio”, detalhou o professor, que ainda acrescentou que entende como de suma importância levar essas possibilidades de olhar a todas as pessoas do mundo.

(Com UFMG)

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