Pesquisa Recivil

Mortes causadas por doenças respiratórias disparam em Minas em 2022

Arthur Lage
arthur.lage@hojeemdia.com.br
18/11/2022 às 09:52.
Atualizado em 18/11/2022 às 11:01
 (Secretaria de Saúde Ceará - Divulgação)

(Secretaria de Saúde Ceará - Divulgação)

O número de mortes relacionadas às doenças respiratórias em Minas disparou em 2022. Um levantamento feito pelo Sindicato dos Oficiais de Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado de Minas Gerais (Recivil) aponta que o número de óbitos no ano é 15,7% maior que em 2019, e nove vezes superior ao crescimento anual médio de óbitos registrados no estado antes da Covid-19. 

Entre janeiro e outubro de 2022, foram registrados 136.984 óbitos, comparados aos 118.348 ocorridos nos 10 primeiros meses de 2019, antes da chegada do vírus. O aumento de 15,7% chama mais atenção quando comparado ao número de 1,7% em relação à média da evolução de mortes no estado entre 2010 e 2019.

Em contrapartida, a Covid-19 deixou de liderar o ranking de falecimentos por doenças, apresentando queda de 84,5% entre janeiro e outubro de 2022 em relação ao ano passado. 

“Os números dos Cartórios de Registro Civil mostram a realidade vivenciada pelos cidadãos mineiros. Ainda que os casos de Covid-19 tenham diminuído, há o aumento de outras doenças cardiorrespiratórias, que podem ser causadas por sequelas do vírus. Com os dados coletados pelos Cartórios, é possível pensar em políticas públicas para prevenção a essas doenças", disse Genilson Gomes, presidente do Recivil.

O levantamento chama atenção para as fatalidades causadas pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que entre 2019 e 2022, aumentaram em 181,8% nos registros de óbitos. Em números absolutos, foram contabilizadas 541 mortes por SRAG nos 10 primeiros meses deste ano comparados a 192 registros para o mesmo período de 2019. 

O número de óbitos por pneumonia cresceu 36,6% passando de 13.565 entre janeiro e outubro de 2021 para 18.536 no mesmo período deste ano. Em 2020, foram 14.027 mortes pela doença nos 10 primeiros meses do ano, enquanto 2019 registrou 16.222 óbitos causados pela doença, quando ainda não havia a pandemia.

Doenças do coração

O levantamento também alerta ao crescimento de mortes por doenças do coração. Entre janeiro e outubro deste ano cresceram as mortes por Causas Cardiovasculares Inespecíficas (47,9%), AVC (16,6%) e Infarto (18,7%) na comparação com 2019. Em 2020, os aumentos foram de 23,8%, 14% e 7,7%. Em relação a 2021, as mortes por AVC cresceram 4,4%.

Outra doença que apresentou crescimento de casos fatais em 2022 foi a septicemia, que registrou aumento de 19,5% de janeiro a outubro deste ano em relação ao mesmo período de 2019. Ao todo, foram computadas 16.673 mortes causadas pela infecção generalizada grave do organismo neste ano, contra 13.956 óbitos em 2019. Durante os anos de 2021 e 2020, foram catalogados respectivamente 14.473 e 13.841 óbitos por este tipo de doença, o que representa um aumento em 2022 de 15,2% em relação a 2021 e de 20,5% em relação a 2020.

Pesquisa

Os dados podem ser checados no Portal de Transparência do Registro Civil, administrado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos 7.658 Cartórios de Registro Civil — presentes em todos os 5.570 municípios brasileiros —, e cruzados com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que utilizam como base os dados dos próprios cartórios brasileiros.

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