
Motoristas de caminhões reboque protestam na manhã desta quarta-feira (9), no Centro de Belo Horizonte, próximo ao Complexo da Lagoinha. O buzinaço acontece no mesmo dia em que está marcada a primeira audiência do caso envolvendo o delegado Rafael de Souza Horácio, acusado de matar Anderson Cândido de Melo, em uma briga de trânsito em julho deste ano.
A reportagem do Hoje em Dia flagrou o momento em que o comboio passava pela avenida Tereza Cristina, na região Noroeste da capital. No vídeo, é possível ver dezenas de caminhões reboque buzinando enquanto transitam pela via.
Esse é o segundo ato promovido pelos trabalhadores após a morte do colega. Em 27 de julho, um dia após o caso, cerca de 100 motoristas de caminhões reboques promoveram um ato também em BH, se manifestando contra o posicionamento publicado pela Polícia Civil.
Em nota, a instituição afirmou à época que, durante suas declarações, "o delegado, acompanhado por seu advogado, narrou sua versão sobre os fatos e alegou ter agido em legítima defesa".
Rafael Horácio virou réu no dia 10 de agosto após a Justiça receber a denúncia oferecida pelo Ministério Público.
Julgamento
A primeira audiência de instrução do delegado Rafael de Souza Horácio acontece nesta manhã no Fórum Lafayette, região Centro-Sul da capital. De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal, primeiro será realizada a inquirição das testemunhas de acusação. Posteriormente, as testemunhas de defesa serão ouvidas.
Em seguida, o delegado será interrogado. Ainda conforme a assessoria, não é possível prever se todos serão ouvidos ainda nesta quarta ou será necessário marcar outras datas.
O caso
A briga de trânsito que resultou no crime ocorreu na Avenida do Contorno, uma das mais movimentadas da região Central de BH, no dia 26 de julho deste ano. O delegado chegou a se apresentar espontaneamente na delegacia, mas foi preso apenas quatro dias depois.
O resultado da perícia do Instituto de Criminalística da Polícia Civil comprovou que Anderson Cândido Melo não acelerou o veículo em direção a Rafael Horácio, antes de receber o tiro fatal.
O laudo divulgado contestou a versão do policial, que declarou, em depoimento, que Anderson teria "jogado" o caminhão contra ele e que teria atirado em legítima defesa.
Rafael Horácio está preso desde 30 de julho, depois de ter sido indiciado por homicídio qualificado pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil. Ele teve três pedidos de habeas corpus negados.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a decisão de manter a prisão do policial se deu porque "o crime de homicídio é causador de temeridade no seio da sociedade, não podendo o Poder Judiciário fechar os olhos a esta realidade".