Multas por excesso de velocidade em ônibus da capital passam de mil neste ano

Renata Evangelista
22/10/2019 às 20:29.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:21
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Capaz de provocar acidentes, deixar feridos e até matar, o excesso de velocidade é infração cometida, diariamente, até mesmo por motoristas de ônibus em Belo Horizonte. Em menos de dez meses, mais de mil multas por transitar acima dos limites estabelecidos na via foram aplicadas a coletivos, tanto públicos quanto privados. Os dados são do Detran-MG.

Na noite da última segunda-feira, um grave acidente deixou 43 feridos, após a batida entre três veículos do Move na capital. Passageiros alegam que o condutor estava em alta velocidade. O caso foi encaminhado à Divisão Especializada em Prevenção e Investigação de Crimes de Trânsito, mas o inquérito só será aberto se houver uma representação em até seis meses, segundo a Polícia Civil. Já o sindicato das empresas diz que as causas “estão sendo investigadas”. Lucas Prates

Passageiros reclamam que ônibus do Move rodam em alta velocidade na pista exclusiva; na segunda-feira, acidente na via deixou 43 pessoas feridas

Relatos

Nesta terça, a equipe de reportagem do Hoje em Dia voltou ao local da colisão, na avenida Antônio Carlos, na altura do bairro São Francisco, na região da Pampulha. Usuários do transporte público foram unânimes em apontar que os abusos são rotineiros.

“Minha esposa já entra no coletivo e começa a rezar. Tem uns dois meses que caí dentro de um ônibus, porque o motorista estava correndo muito”, disse o aposentado José Miguel, de 78 anos. O homem também reclamou que nem mesmo os semáforos são respeitados. 

As mesmas queixas foram feitas pela atendente Dayanne Borges, de 24 anos. Grávida de cinco meses, ela disse que na segunda-feira caiu no interior de um Move, após uma freada brusca. “Ainda tem o agravante que não dão lugar para gestante. O desrespeito vem tanto de quem dirige quanto dos passageiros”.

"Quando se faz investimento para melhorar o serviço de transporte coletivo, que permita aos ônibus andar mais rápido e sem congestionamento, acaba ocorrendo esse tipo de problema, que é o desrespeito às regras de trânsito. Mas, o motorista profissional não deveria, nunca, cometer infrações, já ele tem uma responsabilidade muito maior por carregar vidas. É inaceitável. Por isso, acho que a Polícia Militar deveria fazer uma fiscalização mais efetiva. A BHTrans tem que desempenhar um trabalho junto às empresas para que os motoristas sejam alertados, coibindo essa infração de excesso de velocidade. O motorista infrator tem que passar por um treinamento e uma reciclagem, porque ele está colocando em risco a vida das pessoas. Prevenção é sempre o melhor remédio. (Silvestre de Andrade Puty Filho, engenheiro civil e mestre na área de transportes)

‘Inadmissível’

Consultor em transporte, Osias Baptista Neto afirma que é inadmissível condutor de ônibus ignorar as regras de trânsito, pois o comportamento, reforça o especialista, coloca em risco a vida de usuários e pedestres. “Ele é treinado e o regulamento é bastante detalhado. Tem que seguir, além da lei, as normas da concessão. Por isso, tem que ter muito mais rigor do que os demais motoristas”, avalia.

1.005 multas a motoristas de ônibus foram aplicadas, desde janeiro, por transitar acima da velocidade permitida na capital;  1.231 infrações também a condutores de coletivos por avanço de sinal vermelho foram registradas em 2019

Osias Baptista ainda diz que as pistas exclusivas do Move foram criadas para que os coletivos evitem congestionamentos, e não para rodar acima do que é permitido. “O motorista tem que ser educado para não correr perigo. E, apesar de ter que cumprir um quadro de horário, tem que respeitar a velocidade da via”, acrescenta.

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