Possíveis cortes nos gastos com vestuário, lazer e até alimentação. O temor de aperto financeiro ronda os usuários do transporte público de Belo Horizonte diante da solicitação das empresas para reajustar a tarifa em 53%. A passagem passaria dos atuais R$ 4,50 para R$ 6,90. A demanda das concessionárias é analisada pela prefeitura. O prefeito Fuad Noman (PSD) afirmou que vai tomar medidas para manter o preço atual.
O pedido das concessionárias pegou os passageiros de surpresa. Quem precisa dos coletivos para se locomover ficou na bronca. Caso da faxineira Liene Cesário, de 45 anos. Para ela, a situação que já estava difícil vai piorar. "Faz muita diferença, mexe muito com o orçamento da gente. Se aumentar, vou ter que deixar de ir a alguns lugares, deixar de comprar algumas coisas no supermercado", lamenta.
A podóloga Lucilene Cristina, de 44, lembra que, se o reajuste for aprovado, a diferença será de quase R$ 5 reais por dia. "Com o salário que a gente ganha fica difícil. Vai atrapalhar, inclusive, o sustento da casa. Vou ter que deixar de comer fora. A gente tem que mudar de alguma forma", afirma.
Há ainda quem se preocupa até em perder o emprego. A recepcionista Jessica Talita, de 29, avalia que algumas empresas já pesam o valor gasto com o transporte na hora de contratar novos funcionários.
"Não só na vida do trabalhador, mas impacta nas empresas. Acho que vão ter empresas que vão diminuir o número de funcionários. Eu sou mãe solo e qualquer dinheiro descontado já faz muita diferença. A inflação só está subindo. Com a passagem, a gente vai estar pagando para trabalhar", pontua.
Opinião semelhante tem a dona de casa Edna Aparecida, de 41. "Muita gente pode ficar sem emprego. Algumas empresas já diminuíram o número de trabalhadores por conta da passagem. Eles olham onde você mora. Quem mora longe vai ter mais dificuldade para conseguir trabalho", lamenta.
Fim do subsídio
O pedido de aumento da passagem enviado pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) tem em vista o fim do pagamento do subsídio, que possibilitou o congelamento do preço. Ao todo, as empresas do transporte convencional receberam R$ 226,6 milhões e as do transporte suplementar, R$ 11 milhões.
Segundo as concessionárias, com a aplicação deste cálculo, as passagens teriam os seguintes reajustes:
- Convencional (ônibus azul): de R$ 4,50 para R$ 6,90
- Circular (ônibus amarelo) e linhas alimentadoras: de R$ 3,15 para R$ 4,90
- Micro-ônibus de vilas e favelas: de R$ 1 para R$ 1,55
A PBH disse que o aumento das passagens precisa ser autorizado pela Superintendência de Mobilidade do Município de Belo Horizonte (Sumob) antes de ser implementado, e garantiu que não há previsão para o aumento.
(Raíssa Oliveira / Hoje em Dia)
(Raíssa Oliveira / Hoje em Dia)