Medo de contaminar

Pandemia reduziu internações por outras doenças em Belo Horizonte, diz pesquisa da UFMG

Raquel Gontijo
raquel.maria@hojeemdia.com.br
01/02/2022 às 17:53.
Atualizado em 01/02/2022 às 17:56
 (DIvulgação/ HC-UFMG)

(DIvulgação/ HC-UFMG)

O receio de ser contaminado pelo coronavírus resultou em uma queda no número de internações por outras doenças em Belo Horizonte. Um levantamento realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontou que, desde o início da pandemia de Covid-19, houve redução de 28% nas internações para doenças respiratórias, cardiovasculares, infecciosas e de pacientes com câncer na capital mineira. 

O estudo, que foi feito em parceria com professores da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e servidores da Prefeitura de Belo Horizonte e da UFOP, analisou dados do Sistema de Internações Hospitalares (SIH), do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Segundo a pesquisa, a queda nas internações foi maior em dois momentos distintos da pandemia: no início, em março de 2020, e no pico das infecções, em julho de 2020. Os resultados revelam que, em novos picos da pandemia, como observado no início deste ano, é preciso ter atenção para não desestruturar outras linhas de cuidados e orientar a população a buscar o hospital ao perceber sintomas de outras doenças. 

De acordo com uma das autoras do estudo e professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Luisa Campos Caldeira Brant, as reduções no início e no pico da pandemia mostra os efeitos das medidas regulatórias no comportamento das pessoas.

“O que era falado para esses indivíduos? Fiquem em casa, o que estava correto no sentido de diminuir a chance do contágio pela Covid-19, mas como consequência indireta reduziu a busca por assistência em situações que era necessário”, ressalta a professora.

Em julho de 2020, com o aumento expressivo de casos de Covid-19 na capital, a concorrência por leitos ficou maior, acentuando novamente a queda de internações por outras doenças. 

Alguns serviços de saúde tiveram que ser reorganizados para evitar ainda mais a saturação, como o adiamento de cirurgias eletivas, por exemplo.

“Temos sempre que aprender para que, em outros momentos, o sistema de saúde esteja mais preparado e não comprometa tanto outras linhas de cuidados”, explica.

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