Quem precisou pegar um ônibus em Belo Horizonte nesta segunda-feira (24), primeiro dia útil após o reajuste de 33% na tarifa dos ônibus, sentiu no bolso o impacto no valor da passagem, que saiu de R$ 4,50 para R$ 6. O aumento, que está cinco vezes acima da inflação, foi definido na quarta-feira (19), após audiência no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
Nos pontos de ônibus e estações do Move no Centro da cidade, a insatisfação era geral, como o caso da pipoqueira Edinalva Maria, de 59 anos, que detonou o meio de transporte afirmando que a quantia investida é alta e não tem retorno para o usuário. “Eu vejo (os ônibus) como um chiqueiro de porco, um lixo total. É um descaso enorme com a população. Políticos não sofrem. Eles deveriam entrar dentro de um ônibus para verem como é", disse exaltada.
A babá Adriana Pereira, 35, compartilha do pensamento de Ednalva. Segundo ela, o aumento deveria ser revertido em melhorias para o sistema de transporte urbano. “É complicado ir para o trabalho tendo que pegar esse ônibus. Eu pego quatro por dia. O problema é que mesmo com o aumento nada melhora, só piora. Trânsito, ônibus horrivel, sem ar condicionado, lotado. Aumentar a passagem sem olhar o trabalhador fica muito dificil. Não há equilíbrio entre as partes” , explicou.
A Prefeitura de BH aguarda que a Câmara aprove o projeto de lei que prevê novo modelo de remuneração às empresas. O reajuste voltou a ser discutido diante do fim do repasse do subsídio de R$ 237,5 milhões concedido pela prefeitura às concessionárias até 31 de março, que congelava as tarifas. As empresas alegam dificuldade de manutenção do sistema.
Após o fim do repasse, o imbróglio se estendeu na Justiça. No começo de abril, as empresas do transporte receberam aval para cobrar R$ 6,90. A prefeitura recorreu e conseguiu retornar com o valor de R$ 4,50.
Por conta do aumento na tarifa, movimentos sociais organizaram um ato em protesto no fim da tarde de terça-feira (25), na Praça 7, no Centro de BH.