Pastelaria se pronuncia sobre a morte de mulher trans em BH; veja o que se sabe do caso
Estabelecimento emite nota de solidariedade à família de Alice Martins Alves e afirma repudiar qualquer discriminação
O Rei do Pastel, estabelecimento da Savassi, em Belo Horizonte, onde trabalhavam os dois suspeitos de agredir brutalmente a mulher trans Alice Martins Alves, de 33 anos, se pronunciou pela primeira vez sobre o caso que resultou na morte da vítima.
A agressão ocorreu no dia 23 de outubro, e Alice morreu no dia 9 de novembro, após 18 dias internada.
O estabelecimento publicou uma nota em seu perfil oficial no Instagram, afirmando que está à disposição das autoridades e lamentando o ocorrido. Veja nota na íntegra:
“Tendo em vista o crime ocorrido na Savassi que levou à morte de Alice Martins Alves, esclarecemos que desde o início das investigações, nos colocamos a disposição das autoridades competentes, auxiliando com todos os dados que nos foram solicitados.
Várias versões e vertentes estão sendo divulgadas na mídia e principalmente nas redes sociais, sem as devidas apurações e efetivas comprovações. Estamos aguardando e confiantes no trabalho sério e eficiente que vem sendo executado pela polícia, com a certeza da correta apuração dos fatos e a devida culpabilidade dos envolvidos.
Ressaltamos a nossa solidariedade incondicional aos familiares e amigos da Alice, e destacamos que não compactuamos, em hipótese alguma, com ações discriminatórias referente a identidade de gênero, orientação sexual, raça ou qualquer outra natureza.
Carregamos em nosso DNA uma cultura de bem servir com produtos de qualidade e cuidado com nossos clientes, sempre prezando por um ambiente de harmonia.”
O que se sabe sobre a morte de Alice Martins Alves
Alice Martins Alves foi espancada na avenida do Contorno, esquina com a avenida Getúlio Vargas, na Savassi, região Centro-Sul de Belo Horizonte, no dia 23 de outubro. Segundo as investigações da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), a vítima teria saído do Rei do Pastel sem pagar uma conta de R$ 22 e foi perseguida e atacada por dois homens, que seriam funcionários do estabelecimento.
Após a agressão, Alice foi para casa e, posteriormente, encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Centro-Sul. Em seguida, foi transferida para um hospital particular, onde permaneceu internada por cerca de 18 dias. Ela sofreu fraturas nas costelas, perfuração intestinal e outros ferimentos. A morte ocorreu no dia 9 de novembro, vítima de infecção generalizada.
A delegada Iara França, do Núcleo de Feminicídio do DHPP, informou que a vítima era conhecida no local e relatava sofrer olhares preconceituosos. A investigação aponta que a prática de sair sem pagar já havia ocorrido antes com Alice e outros clientes, mas sem gerar conflitos.
Os dois suspeitos do crime, que trabalhavam no local frequentado pela vítima, já foram identificados e qualificados pela Polícia Civil. O chefe do departamento, delegado Thiago Machado, e a delegada Iara França, confirmaram as identificações.
Até o momento, ninguém foi preso, pois o flagrante expirou e o inquérito policial está em fase de confecção.