Perto da volta às aulas, escassez de vacinas contra Covid e adesão de crianças são preocupação em BH

Bernardo Estillac
bernardo.leal@hojeemdia.com.br
21/01/2022 às 18:22.
Atualizado em 26/01/2022 às 00:12
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A escassez de doses específicas para o público infantil e a baixa adesão são fatores que dificultam o avanço da campanha de vacinação contra Covid-19 e causam preocupação às vésperas da volta às aulas, conforme explicou o secretário de Saúde da capital, Jackson Machado, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (21). A vacinação do público de 5 a 11 anos começou no último sábado (15) em Belo Horizonte. 

Desde o início da campanha, crianças de 5 a 11 com comorbidades, deficiência permanente, indígenas ou quilombolas podem receber o imunizante da Pfizer. A adesão, no entanto, é baixa e apenas 20% do público foi imunizado até a última quarta-feira (19). 

“O que nós precisamos fazer é conscientizar as pessoas de que elas devem levar seus filhos para vacinar, a vacina é segura e vai proteger nossas crianças sim. É muito importante que, quem não levou seu filho para vacinar, que faça o mais rápido possível”, disse o secretário.

Crianças sem comorbidade começaram a ser imunizadas na quinta-feira (20). O público teve de ser reduzido aos moradores da capital nascidos entre janeiro e junho de 2010 e ainda com 11 anos no dia da vacinação. O recorte foi justificado pelo número de doses recebidas do Ministério da Saúde, cerca de 10,5 mil.

Jackson Machado afirma que a escassez de doses dificulta a elaboração de uma campanha para mobilizar os pais e responsáveis a levar as crianças para receberem a proteção contra a Covid.

“A gente tem que ter uma moderação nessa abordagem porque nós não temos ideia de quantas doses vão chegar para nós. Então nós não podemos ter 193 mil crianças, que é o público-alvo dessa faixa etária, procurando as escolas para vacinar. Se todas forem com os pais, teremos 400 mil pessoas esperando e sem ter vacina para todo mundo”, comenta.

O cenário dificulta que as crianças estejam todas vacinadas até o retorno às aulas, uma preocupação do município, conforme informado pelo infectologista e membro do Comitê de Enfrentamento à Covid de BH, Carlos Starling.

De acordo com o secretário Jackson Machado, o comitê seguirá com as reuniões diárias até a próxima quarta-feira (26), quando haverá uma definição sobre a possibilidade de alteração na data do início das aulas na rede municipal de ensino, previsto para 3 de fevereiro.

Nesta sexta-feira (21), Jackson garantiu que não haverá qualquer tipo de restrição para crianças não vacinadas na volta às aulas.

“A vacina não é obrigatória, não podemos cobrar. A gente tenta conscientizar as pessoas para que elas se vacinem, mas não podemos condicionar a frequência nas aulas à vacinação”, disse.

Coronavac

Com uso em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na quinta-feira (20), e incluída no plano de vacinação nesta sexta-feira (21), a Coronavac pode ajudar a acelerar a imunização das crianças.

Jackson Machado afirmou que poderia iniciar a utilização do imunizante mesmo sem a orientação do Ministério da Saúde se tivesse doses em estoque.

A Secretaria de Estado de Saúde informou ao Hoje em Dia que possui 351.256 doses de Coronavac armazenadas na Central Estadual da Rede de Frio e 59.040 nas Unidades Regionais de Saúde, mas aguarda as diretrizes do governo federal para disponibilizá-las aos municípios.

A pasta informa ainda que já iniciou o levantamento do quantitativo de vacinas na Rede de Frio e Regionais de Saúde, bem como a análise do documento da Anvisa que aprovou a utilização do imunizante no público infantil.

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