CIÊNCIA

Pesquisa da UFMG descobre nova forma de prevenção para infecção uterina em cães

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
Publicado em 06/06/2022 às 07:00.
Trabalho da UFMG aponta que a infecção uterina também pode ser transmitida entre as fêmeas, o que liga alerta para tutores e canis (Mirko Sajkov/Pixabay)

Trabalho da UFMG aponta que a infecção uterina também pode ser transmitida entre as fêmeas, o que liga alerta para tutores e canis (Mirko Sajkov/Pixabay)

Pode ser que você nunca tenha ouvido falar em piometra. O nome é dado a uma infecção uterina que atinge uma a cada quatro cadelas. Na tentativa de reduzir os casos da doença potencialmente fatal, pesquisadores da Escola de Veterinária da UFMG descobriram novas formas de prevenção.

A doença ocorre durante o cio do animal, quando o útero está mais exposto e suscetível à contaminação por bactérias, até então provenientes do intestino. Entretanto, o trabalho liderado pelo doutorado da UFMG, Rafael Gariglio Clark Xavier, mostrou que os microrganismos também podem ter origem na boca da cadela.

Além disso, o pesquisador conta que evidências mostram que a piometra também pode ser transmitida entre as fêmeas, o que liga alerta para tutores e canis. “Avaliamos duas que moram no mesmo local e foram acometidas pela infecção na mesma época. Na avaliação das bactérias descobrimos que uma passou para outra”. 

O veterinário conta que ainda não é possível afirmar como precisão a forma do contágio. Novas pesquisas serão realizadas. “Suspeitamos que o contato com o pus que sai da vagina da cadela doente pode ser uma das formas. Contato com fezes também estão entre as hipóteses”. 

Rafael Gariglio reforça que as descobertas não influenciam no tratamento, mas, na prevenção. “Até hoje era a castração juvenil. Agora, sabemos que manter a saúde bucal pode ajudar. Além disso, recomenda-se que os animais com suspeita de piometra sejam isolados, reduzindo a chance de transmissão”. 

Sintomas
Há duas formas da doença se manifestar. Uma delas é a piometra aberta que costuma ser identificada algumas semanas depois do cio, quando as fêmeas infectadas passam a apresentar secreção vaginal, às vezes com um pouco de sangue.

A outra forma é por meio de infecções internas que precisam de avaliação clínica e laboratorial, mas os tutores podem ficar atentos a alguns sinais:

  • Falta de apetite;
  • Apatia e ausência de resposta a certos estímulos (brinquedos, petiscos, etc.);
  • Sede intensa e aumento do volume da urina;
  • Febre alta, nos estágios mais avançados

Tratamento
O principal tratamento é a cirurgia, com retirada do útero. Em alguns casos, são retirados também os ovários e as tubas uterinas.

Há ainda o tratamento clínico com antibióticos e anti-inflamatórios. A terapia é adotada apenas em casos leves, quando se pretende preservar a fertilidade. No entanto, não é indicada com frequência por haver o risco de reincidência.

O estudo da UFMG será publicado em uma revista científica.

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