Segundo dia de julgamento

'Pistoleiro' cita presença de Antério Mânica em reunião que selou a morte de auditores e motorista

Gabriel Rezende
grezende@hojeemdia.com.br
25/05/2022 às 11:16.
Atualizado em 25/05/2022 às 12:18
 (Valéria Marques/Hoje em Dia)

(Valéria Marques/Hoje em Dia)

Erinaldo Silva, condenado por ser um dos 'pistoleiros' da chacina de Unaí, em depoimento nesta quarta-feira (25) durante o julgamento do ex-prefeito do município Antério Mânica, citou que o fazendeiro estava presente em uma reunião, onde foi selado o destino dos auditores fiscais e do motorista. 

Em oitiva, na Sede da Justiça Federal em Belo Horizonte, Erinaldo disse que Antério participou de uma reunião no dia anterior aos assassinatos. 

O encontro, segundo ele, ocorreu em um posto de gasolina, e Antério estaria dentro de um carro, modelo Fiat Marea. Erinaldo afirma não ter visto Antério, mas que foi informado por Chico Pinheiro — réu morto acusado de contratar o assassinos — de que era o ex-prefeito. 

"Essa pessoa que estava no carro estava brava e disse que era para matar todos. O Chico me falou que era o Antério", afirmou. Essa é uma das principais provas do Ministério Público Federal (MPF) contra Antério Mânica. 

Defesa vê inconsistência 

A defesa, liderada pelo advogado Marcelo Leonardo, confrontou Erinaldo sobre a afirmação de que Antério estaria no veículo. Na avaliação dele, as histórias estavam "confusas" e no julgamento anterior, ocorrido em 2015, Erinaldo não havia apontado, explicitamente, a presença de Antério no carro. 

Um dos advogados de defesa apresentou documentos que relatavam que, em depoimentos à polícia após o crime, Erinaldo não havia citado a presença de Antério no veículo. Que apenas José Alberto, intermediário do crime, havia visto quem estava no carro. 

Erinaldo, então, respondeu que Chico Pinheiro lhe contou, na prisão, pouco antes de morrer, sobre a presença de Antério no veículo quando ocorreu a reunião.

A defesa também citou o fato de Erinaldo ter firmado acordo de delação premiada para cumprir prisão em regime aberto.

Pagamento dobrado 

Erinaldo também relembrou os momentos que antecederam o crime, que teria sido procurado por Chico Pinheiro. O objetivo inicial era matar o auditor Nelson José da Silva. Contudo, devido à dificuldade de encontrá-lo sozinho, Erinaldo relatou ter recebido ordem para "matar todos". 

"Eles [Chico e José Alberto, intermediário no crime] falaram que o patrão disse que era para matar todos, já que eles não separavam. Que eles dobravam o valor. Eles pagaram mais alto [para matarmos os três auditores e o motorista]", afirmou. 

Erinaldo também revelou que, depois de preso, recebeu proposta de R$ 300 mil para assumir crime de latrocínio. "Roubo seguido de morte, porque aí não teria mandante. Iria cair apenas para a gente [assassinos]. A proposta teria sido apresentada por José Alberto e Noberto Mânica, irmão de Antério.

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