fase instrutória

Acusação prevê que apresentação de provas contrárias e favoráveis ao réu seja concluída nesta quarta

Gabriel Rezende
grezende@hojeemdia.com.br
25/05/2022 às 09:50.
Atualizado em 25/05/2022 às 10:00
Advogado Roberto Tardelli, assistente de acusação no julgamento de Antério Mânica (Valéria Marques)

Advogado Roberto Tardelli, assistente de acusação no julgamento de Antério Mânica (Valéria Marques)

O julgamento do ex-prefeito de Unaí Antério Mânica, acusado de ser um dos mandantes de uma chacina no município em 2004, entra no segundo dia nesta quarta-feira (25). Mais 12 testemunhas devem prestar depoimentos; no primeiro dia, foram oito oitivas durante mais de dez horas. 

Segundo o advogado Roberto Tardelli, assistente de acusação, a expectativa é de conclusão ainda nesta quarta-feira da prova instrutória, destinada à apresentação de provas contrárias e favoráveis ao réu. 

"O segundo dia é sempre mais produtivo do que o primeiro, que é mais trabalhoso, pois cada jurado tem seu tempo de leitura. Isso demanda muito tempo. É um tempo que se tem que desprender. Hoje os jurados virão sabendo o que eles estão julgando", explica. 

Tardelli também diz que a condenação de Antério trará "paz" às famílias das vítimas. "O processo está correndo faz 18 anos. Chegou a hora dele terminar. É um fantasma que se arrasta. Enquanto o caso fica parado e as coisas não andam, ninguém sepulta ninguém", afirmou.

Relembre o caso

Em 28 de janeiro de 2004, os auditores João Batista Soares Lage, Nelson José da Silva e Erastótenes de Almeida Gonçalves e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram assassinados com tiros à queima-roupa, após uma emboscada na região rural de Unaí. 

À época, o trio investigava denúncias de trabalho escravo que estaria acontecendo em fazendas da região. O crime ficou conhecido como chacina de Unaí.

As primeiras prisões envolvendo o caso só ocorreram em 2013, uma década após os assassinatos. Na ocasião, três pessoas — Rogério Alan, Erinaldo Silva e William Gomes — acusadas de serem “pistoleiros”, foram condenadas a penas que, juntas, somam 226 anos de prisão.

Os intermediários do crime, segundo a acusação, eram os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro. Os dois confessaram o crime e foram condenados.

O ex-prefeito de Unaí Antério Mânica e o irmão dele, Norberto, dois grandes produtores de feijão da região, foram apontados pelo Ministério Público Federal (MPF) como mandantes do crime. A sentença deles saiu em 2015, com cada um sentenciado a cumprir 100 anos de prisão. Apesar de o MPF pedir a prisão imediata dos réus, a Justiça permitiu que ambos recorressem em liberdade.

Em 2018, no entanto, uma reviravolta mudou os rumos do processo, quando o TRF-1 anulou a condenação de Antério Mânica. 

Em virtude da anulação, o ex-prefeito terá que ser submetido a novo julgamento, que deve acontecer nesta semana.

Na época da anulação, Norberto Mânica, que também recorre em liberdade, prestou depoimento e sustentou ser o único mandante do crime, inocentando o irmão.

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