
A Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) e a Polícia Civil vão abrir sindicâncias para apurar a soltura irregular de um dos bandidos mais perigosos de Minas Gerais. Suspeito de cometer mais de 20 assassinatos e condenado a 53 anos de prisão, Luís Henrique do Nascimento, o Totó, deixou a Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, pela porta da frente.
A façanha foi em dezembro de 2017 graças a um alvará de soltura expedido pela Justiça. A Seap agora apura se o documento era falso. Em nota, a pasta informou que "esse indivíduo foi liberado mediante Alvará de Soltura expedido pela Justiça".
A Polícia Civil, responsável pelo gerenciamento do Setor de Arquivos e Informações (Setarin), o que inclui os alvarás, ressaltou que o sistema é seguro e auditável. "Ou seja, todos os servidores responsáveis pelo registro de mandados de prisão e alvarás de soltura no sistema são identificados e o acesso se dá por meio de login e senha pessoais". Procurado, o Tribunal de Justiça de Minas ainda não se manifestou.
Homem perigoso
Totó é apontado como o líder de uma das quadrilhas mais perigosas do Estado. Ele foi o principal alvo de uma megaoperação realizada na quarta-feira (1º) na região Noroeste de BH e também em Esmeraldas, na Grande BH. A organização criminosa comandada por ele é tão violenta que fazia, inclusive, uso de fuzis.
Além de assassinatos, Totó também é investigado por chefiar roubos de carros e gerenciar o tráfico de drogas nas regiões Nordeste e Noroeste da capital. Na operaçao de quarta-feira, 12 pessoas foram presas. O principal alvo, porém, continua foragido. A Polícia Civil pede a colaboração da população para capturar o criminoso. Quem tiver informações sobre ele deve ligar para o Disque Denúncia nos números 181 ou 197.
Operação
No total de presos na operação, dez foram por cumprimento de mandado de prisão e outras duas em flagrante. Segundo a Polícia Civil, entre os presos estão dois irmãos de Totó. Outros quatro suspeitos ainda estão foragidos, inclusive Totó.
A ação aconteceu nos bairros Santa Cruz e Santa Inês, na região Nordeste da capital; Nova Cachoeirinha e Caiçara, na região Noroeste; Mantiqueira, em Venda Nova; e Esmeraldas, na Grande BH. Um helicóptero também foi usado na operação.
Além dos presos, foram apreendidas munição de vários calibres, inclusive restritos, e drogas, cuja quantidade ainda está sendo calculada. Até o agora, nenhuma arma foi encontrada.
Procurada, a Polícia Civil ainda não se manifestou sobre o caso.
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Histórico
Em fevereiro deste ano, um empresário que estava em um carro blindado foi morto com tiros de fuzil, no bairro Santa Cruz, na região Nordeste. As investigações apontaram que a motivação da execução teria relação com tráfico de drogas.
A quadrilha ainda é suspeita de assassinar um advogado criminalista com tiros de fuzil em outubro de 2013, no bairro Castelo, na Pampulha. No local, foram contabilizadas mais de 30 cápsulas. De acordo com a Polícia Civil, os dois casos foram os únicos crimes dessa natureza cometidos com fuzis em Belo Horizonte.
(Colaborou Daniele Franco)