Poluição do ar em BH é três vezes pior que o tolerável pela OMS, aponta UFMG
Poeira, fuligem e resíduos da queima de combustível ultrapassam o máximo recomendado, mostra estudo conduzido pelo climatologista Alceu Raposo Júnior
Belo Horizonte respira um ar bastante poluído, bem acima do limite considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Estudo desenvolvido no Instituto de Geociências (IGC) da UFMG mostrou que a concentração do chamado material particulado – poeira, fuligem e resíduos da queima de combustível – ultrapassa o máximo recomendado de 45 microgramas por metro cúbico (µg/m³) em todas as vias analisadas. No Anel Rodoviário, próximo ao bairro Califórnia, o índice chegou a 150 µg/m³, mais do que o triplo aceitável.
A pesquisa foi conduzida pelo climatologista Alceu Raposo Júnior, que utilizou uma estação móvel de qualidade do ar do modelo DustTrak DRX 8533. O aparelho é amplamente usado em estudos ambientais por permitir coletas precisas, em tempo real, das partículas sólidas suspensas no ar – como o material particulado inalável (MP10) e o fino (MP2,5).
O equipamento funciona com um sistema óptico de leitura a laser: aspira o ar por uma bomba interna e projeta o fluxo em um feixe de luz. As partículas desviam o laser, e essa dispersão é convertida em dados de concentração, que são gravados automaticamente.
Estação móvel alimentada por bateria e com GPS
A estação foi instalada em um veículo, alimentada por bateria e com GPS, o que possibilitou mapear as principais avenidas da capital com base no georreferenciamento.
“Em termos simples, significa que em um volume de um metro cúbico de ar – o equivalente a uma caixa de 1m x 1m x 1m – não deveria haver mais do que 45 microgramas de partículas sólidas suspensas, como poeira, fuligem e resíduos da queima de combustível. Quando esse limite é ultrapassado, o ar passa a ser considerado ‘impróprio’ ou ‘nocivo’ à saúde humana, especialmente para crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias”, explica Raposo.
Inverno agrava significativamente a poluição na capital
As medições foram realizadas em duas campanhas de campo: no período seco, de 1º a 10 de agosto de 2022, e no período chuvoso, de 30 de outubro a 10 de novembro de 2023. A comparação revelou que o inverno agrava significativamente a poluição na capital, com concentrações até 40% maiores em relação ao verão, devido à baixa umidade, à ausência de chuvas e à ocorrência de inversão térmica, quando o ar frio impede a dispersão de poluentes nas camadas mais baixas da atmosfera.
Substituição de 40% da frota atual por ônibus com energia limpa até 2030
A Prefeitura de Belo Horizonte informou que "está alinhada" com planos e metas de redução e fiscalização de agentes poluidores. A cidade conta com o chamado Plano de Redução de Emissões de Gases do Efeito Estufa (PREGEE), com a meta de reduzir em 20% as emissões até 2030. "Podendo alcançar 41% até 2040", informou.
A metrópole conta também com o Plano Local de Ação Climática (PLAC), lançado em 2022, que reúne estudos técnicos e ações para enfrentar o aquecimento global, mapeando políticas, planos e projetos voltados à ação climática. Além disso, informa a PBH, o Plano Diretor estabeleceu o compromisso de garantir a gestão sustentável dos recursos naturais, de forma a reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e a poluição do ar.
O Plano Diretor da capital tem como meta a substituição de 40% da frota atual por ônibus com energia limpa até 2030. "Mais de 1 mil ônibus novos, recentemente integrados ao sistema, já possuem tecnologia sustentável Euro 6, que reduz em até 80% a emissão de poluentes", informou a prefeitura. A administração municipal também disse que assinou um protocolo de intenções com o Google. Detalhes nesse link.
Estagiária, sob supervisão do editor Renato Fonseca
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