A conclusão do inquérito da Polícia Civil sobre as causas do acidente que matou a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas, após a queda de um avião no Leste de Minas, apontou que a trajetória e a localização da aeronave, momentos antes da manobra de pouso, foram determinantes para a colisão com os cabos das torres de transmissão da Cemig.
Assim como descrito no relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), o inquérito da PC identificou que houve uma "avaliação inadequada" do piloto durante a manobra de aproximação da pista. Segundo o delegado da regional de Caratinga, Ivan Lopes Sales, no decorrer das apurações, foi identificado que o piloto “alongou a perna do vento”.
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) é chamada de “perna do vento”, a trajetória de voo paralela à pista, no sentido contrário à do pouso, que determina a velocidade e o tempo da aeronave durante a aproximação do solo.
Confira a ilustração abaixo:
"Nesse procedimento ele faz aproximação pelo Oeste, como indicado no local, voa a favor do vento e depois faz o pouso dentro de um a um minuto e meio, o que não ocorreu", detalhou o delegado.
Para a Cenipa, “o piloto pode ter optado por alongar a perna do vento a fim de buscar uma aproximação final mais longa, a qual tende a ser mais confortável para os passageiros”. A suposição da escolha por um pouso mais confortável também foi feita pela Polícia Civil.
Na conclusão dos investigadores, ao alongar a trajetória para o pouso, o piloto saiu da “zona de proteção” do aeródromo, área de segurança das operações das aeronaves.
Segundo a Anac, todos os obstáculos e superfícies limitadoras no entorno do aeródromo de Caratinga estão descritos nas cartas Aeronáutica Mundial e de Pilotagem, que deveriam ter sido consultados pelo piloto.
Para o delegado, a escolha "fora do usual" do piloto teria feito com que a aeronave saísse da área de proteção, se chocando contra fiação das torres, com a consequente queda do avião.