Um idoso de 78 anos foi resgatado em situação análoga à escravidão em uma fazenda na zona rural de Manga, no Norte de Minas. Joaquim José da Silva cuidava sozinho de 50 cabeças de gado e fazia a vigilância da propriedade por um pagamento mensal de apenas R$ 500. O resgate foi realizado na última segunda-feira (9), na Fazenda Lagoa Azul, após fiscalização dos auditores-fiscais do trabalho com apoio da Polícia Militar. As informações sobre o caso, no entato, só foram divulgadas nesta sexta (12).

Segundo os auditores, Joaquim não tinha acesso a água potável, alimentação adequada ou qualquer Equipamento de Proteção Individual (EPI), mesmo executando tarefas braçais e de risco. A situação era ainda mais alarmante considerando o estado de saúde do trabalhador: ele é diabético e apresenta "sérios problemas de visão", segundo os auditores-fiscais.

Além dessas violações, o caso também escancara um histórico de exploração. O pai de Joaquim trabalhou na mesma propriedade e em condições semelhantes, para a mesma família - cujo atual empregador é proprietário de cinco fazendas e de uma loja de implementos agrícolas.

Por se tratar de um aposentado, Joaquim não terá direito ao seguro-desemprego especial oferecido em casos de trabalho escravo. No entanto, os auditores já iniciaram o cálculo das verbas rescisórias e o empregador se comprometeu a fazer o pagamento dos valores devidos. O idoso será reintegrado à família, que reside no próprio município.

Manga, às margens do Rio São Francisco e próxima ao Parque Estadual da Mata Seca, já teve outros registros semelhantes.

Denúncias

Casos de trabalho análogo à escravidão podem ser denunciados, de forma anônima e segura, pelo Disque 100, aplicativo MPT Pardal ou pela plataforma Sistema Ipê.

*Estagiária, sob supervisão de Renato Fonseca

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