
“Lugar de preto não é na limpeza. É na sensala (senzala)”. A mensagem anônima com ofensas racistas foi colocada no hall de um prédio residencial, no bairro Planalto, na região Norte da Capital. E causou indignação e repúdio de moradores e funcionários.
(Arquivo Pessoal / Divulgação)
Os ataques racistas com ameaças podem ter sido dirigidos a um funcionário de 25 anos, que é negro e registrou um boletim de ocorrência. O jovem pediu para mudar de setor no trabalho e foi atendido.
“Volta para sua jaula gorila. Volta para o licho (lixo) de analfabeto que você vem preto sujo”, relata outra mensagem. Ironicamente, o bilhete de conteúdo preconceituoso, que aborda o analfabetismo, é repleto de erros de português.
(Arquivo Pessoal/ Divulgação)
A síndica do prédio, Priscila Luiza, contou que recebeu os bilhetes do funcionário que ficou revoltado com as mensagens colocadas no local de entrada e saída dos moradores.
As primeiras mensagens foram colocadas na quarta (20) e depois no sábado (23). “ Sofra as consequência, viado, preto. Ou você sai daqui... o resto toma banho de cloreo (cloro) africano" escreveu o criminoso.
"Bons tempos eram quando pessoas como você sabiam o seu lugar que é o troco macaco, macaco estúpido”, relata outro trecho do bilhete também sem assinatura.
“É revoltante. É um episódio lastimável. O autor dos bilhetes é covarde. Pratica crime de racismo e não assina os bilhetes. Precisa ser identificado e preso”, afirma o morador do prédio Tiago Átila, que é negro é mora no local há 3 anos. Ele conta que ficou sabendo dos cartazes por meio de uma vizinha que enviou as fotos com as mensagens.
A síndica do prédio explica que o edifício tem quatro torres, onde moram cerca de 4 mil moradores. O local tem cerca de 150 câmeras de segurança. “Mas infelizmente no hall não há câmeras. Quem fez isso, sabia disso e aproveitou para colocar os cartazes exatamente nesse local”, relata.
Priscila conta que registrou um boletim de ocorrência na Polícia Militar na última quarta-feira (20) e que nessa terça-feira (26) vai pessoalmente á Delegacia da Polícia Civil pedir providências.
“É abominável. A polícia precisa identificar o responsável pelas mensagens criminosas”, pede a sindical
No grupo de whatsapp dos moradores do prédio, o condomínio publicou a seguinte mensagem: “abominamos e condenamos veementemente toda e qualquer forma de preconceito, discriminação ou práticas de assédio moral contra pessoas, por conta de sua raça, cor, gênero”.
Os moradores cobram uma posição do condomínio junto à polícia. Entre as mensagens que circulam no grupo estão: “Tem que descobrir pelas câmeras! Afinal estão aqui para isso, para resguardar os moradores, funcionários. Cadê providências”.
Outra mensagem condena o comportamento do criminoso: “É revoltante e ao mesmo tempo vergonhoso morar em um lugar que tem esse tipo de pessoa”.
É crime praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, coco, etnia, religião ou procedência nacional. Pena de reclusão é de um a três anos e multa.
A Polícia Civil informou que já tomou conhecimento do fato e que as providências estão sendo adotadas para a apuração do fato e responsabilização criminal do autor.
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