Surto tem novos casos e medo no bairro Buritis aumenta

Renata Evangelista
rsouza@hojeemdia.com.br
09/01/2020 às 07:00.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:14
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Alimentação e água só em casa, encontros de família cancelados e reforço na higienização pessoal. A morte causada por uma “doença” misteriosa e o anúncio, na quarta-feira (8), da internação de mais dois homens (de 56 e 64 anos), com insuficiência renal e alterações neurológicas graves, mudaram a rotina dos moradores do Buritis, na região Oeste da capital. 

A falta de informações concretas sobre o que tem provocado a síndrome, que já provocou uma morte e até agora só afetou homens que moram ou estiveram no bairro numa mesma época, gera medo e apreensão. Além do mais, casas e comércios da região são alvo da força-tarefa que tenta decifrar o enigma. A varredura já ganhou reforço de dois especialistas do Ministério da Saúde. 

O surto começou em dezembro e a esperança das autoridades de saúde é que a necropsia do bancário Paschoal Demartini Filho, de 55 anos, a primeira vítima da doença, ajude a esclarecer a situação para evitar novas ocorrências. Após os primeiros sintomas, o estado de saúde dos doentes se agravou em menos de 72 horas.

Paschoal morreu em Juiz de Fora, na Zona da Mata, na terça-feira. O corpo chegou na noite de ontem ao Instituto Médico-legal (IML) de Belo Horizonte. O homem foi hospitalizado logo após passar o Natal na casa da filha, no Buritis. O genro dele também foi internado.

SUPOSIÇÕES

“O povo tem comentado muito, já falaram até que a água teria provocado a enfermidade. Mas tudo ainda é uma incógnita”, contou Matheus Strenzioch, de 32 anos, que trabalha em uma banca de jornais no Buritis.

Sem saber o que é boato ou fake, a dona de casa Márcia Oliveira, de 43 anos, diz que todo cuidado é pouco. Ontem, ao passear com o filho de 2 anos no Parque Aggeo Pio, fez questão de levar a própria água e comemorou não ter encontrado o vendedor de picolés no local, porque “teria que negar” a sobremesa à criança.

Convite recusado

Já a mãe da recepcionista Laura Ribas, de 21, foi um pouco mais radical. “Ela está com tanto medo que nem sai de casa. Foi convidada para jantar fora com a família, mas não quis ir”, contou a jovem.

Diretor da Associação de Moradores do Bairro Buritis (ABB), Francisco Pimentel afirma não haver motivos para alarde. Segundo ele, é preciso aguardar os resultados das investigações da força-tarefa

Quem também mudou os hábitos foi o engenheiro Felipe Machado, de 32 anos. “Deixei de frequentar um supermercado. Vi nas redes sociais que a contaminação poderia ter acontecido lá. Então, por precaução, melhor evitar”.

Autoridades de saúde em Minas não confirmam a relação da doença com estabelecimentos comerciais.

Exames laboratoriais são feitos pela Funed para pesquisa de arboviroses (vírus transmitidos por insetos e aracnídeos), febres hemorrágicas, infecções bacterianas e fúngicas e intoxicações exógenas. 

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