'transferência de renda'

Tarifa Zero vai aliviar orçamento de família pobre e estimular consumo em BH, projeta estudo da UFMG

Segundo levantamento do Cedeplar, benefício permitirá que despesa hoje destinada ao transporte seja revertida até para compra de alimentos

Dione Alves
dione.alves@hojeemdia.com.br
Publicado em 02/10/2025 às 15:45.Atualizado em 02/10/2025 às 18:41.
Votação para a tarifa zero acontece nesta sexta-feira (3) na CMBH (Valéria Marques / Hoje em Dia)
Votação para a tarifa zero acontece nesta sexta-feira (3) na CMBH (Valéria Marques / Hoje em Dia)

Para famílias de baixa renda em Belo Horizonte, o transporte diário consome até 19% do orçamento, comprometendo o poder de compra e restringindo o acesso a direitos básicos como saúde, educação e trabalho. O dado, parte da Pesquisa de Orçamentos Familiares (2017/2018) do IBGE, é o ponto central de um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais sobre a viabilidade da Tarifa Zero na capital. Projeto de lei para adoção da gratuidade no transporte coletivo em BH, independentemente da linha de ônibus, do horário, da idade e condição financeira do usuário, será votado em 1º turno nesta sexta-feira (3) na Câmara Municipal. 

Divulgado nesta quinta-feira (2), o levantamento do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas (Cedeplar) da UFMG aponta que a Tarifa Zero funcionaria na prática como uma espécie de "política de transferência de renda", com impacto direto no bolso dos mais pobres.

Segundo o economista Eduardo Miguel Filho, o fim da despesa com ônibus liberaria uma fatia crucial do orçamento familiar, dando maior poder de compra à população, sobretudo à de menor renda. 

“Essa despesa, considerada alta, compromete a capacidade de consumo de outros itens essenciais, como alimentação, moradia e lazer, além de dificultar o acesso a serviços básicos de saúde e educação. Com a aprovação da Tarifa Zero, essa parcela do orçamento seria liberada, permitindo que as famílias redirecionem os recursos para outras necessidades, melhorando diretamente sua qualidade de vida”, analisa.

De acordo com o mesmo estudo, cidades que adotaram a medida tiveram crescimento de até 40% no comércio. Também poderiam ser beneficiados usuários de serviços básicos, pois a medida facilitaria o acesso a direitos como saúde (diminuindo as faltas em consultas do SUS), educação e oportunidades de trabalho; mães de crianças atípicas, que teriam mais facilidade para se deslocar para tratamentos e consultas; e empresas de ônibus, pois o novo modelo de financiamento prevê um aumento na receita anual delas em cerca de R$ 300 milhões.

Votação em clima de pressão popular

A pauta chega ao plenário da Câmara Municipal de BH nesta sexta-feira (3), em um cenário de forte mobilização. A partir das 15h, os vereadores avaliam o Projeto de Lei 60/2025 em 1º turno. Para que a proposta avance, são necessários os votos de pelo menos 28 dos 41 parlamentares.

Antes da votação, às 14h, uma manifestação em frente à Casa legislativa promete pressionar os vereadores pela aprovação. "O projeto tornou-se um grito por direitos", afirma a vereadora Iza Lourença (Psol), uma das autoras do texto. Segundo ela, o debate uniu diferentes frentes. “Também tivemos uma ótima reunião com o setor produtivo, em que apresentamos o substitutivo construído a partir de sugestões do setor”, diz.

A proposta, contudo, não é um consenso. O texto enfrenta resistência na Comissão de Orçamento, onde a relatora, vereadora Marcela Trópia (Novo), questionou sua viabilidade financeira. Se o PL for aprovado, BH será a primeira capital com transporte de ônibus 100% gratuito.

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