
As taxas de contaminação e transmissão da Covid-19, em Belo Horizonte, estão muito acima do ideal. As informações foram apresentadas sexta-feira (10) pelo Comitê Popular de Enfrentamento à doença e constam no segundo boletim epidemiológico divulgado pelo grupo. Conforme o documento, em duas semanas, a cada 100 mil pessoas, 305 foram contaminadas pelo vírus. O ideal, para controle da pandemia, seriam 50.
Segundo o informe, o índice de transmissão da doença (RT) também representa alta e está em 1,5. Isso significa que a cada 100 pessoas outras 150 podem ser infectadas pela Covid. Neste caso, o ideal é que esteja abaixo de 1.
O cientista de dados do Comitê, Bráulio Couto, explica que os dois indicadores estão no vermelho e são uma métrica da situação da cidade desde 25 de maio, sendo que o índice de transmissão mostra uma tendência do que está por vir.
“Os dois números não podem ser analisados separadamente. Podem existir casos em que o RT esteja abaixo de 1, mas as ocorrências de novos casos está muito alta”, explica o cientista.
Em contrapartida ao salto dos casos de infecção pela Covid-19, o boletim epidemiológico do Comitê Popular mostra que a taxa de mortalidade da doença está estável. O indicador aponta que a cada 1 milhão de habitantes, seis morreram em decorrência do vírus.
A reportagem procurou a Prefeitura de Belo Horizonte para comentar a publicação do boletim e os dados apresentados, mas, até a publicação desta matéria, não obteve resposta.
Quarta onda
Desde que o comitê foi criado na última sexta-feira (3), seus integrantes, os infectologistas Carlos Starling, Unaí Tupinambás e Estevão Urbano, afirmam que a piora dos indicadores da pandemia anuncia uma nova onda da doença. Conforme Bráulio Couto, os dados do atual boletim epidemiológico sugerem que Belo Horizonte já está no início da quarta onda de infecções pela Covid-19.