Um tecido controlador térmico, que pode ser usado em materiais esportivos ou para confecção de uniformes usados por profissionais que trabalham sob altas temperaturas, como carteiros e garis, rendeu à UFMG o Prêmio Patente do Ano, concedido pela Associação Brasileira da Propriedade Intelectual (ABPI).
O prêmio foi entregue nesta semana, em São Paulo, no encerramento do 42º Congresso Internacional da Propriedade Intelectual. Receberam o prêmio o diretor da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT), Gilberto Medeiros, e a coordenadora executiva do órgão, Juliana Crepalde.
A Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) e a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) são cotitulares da patente. A tecnologia foi desenvolvida no Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da UFMG, sob a coordenação do professor Rodrigo Oréfice. Os outros inventores são a professora da Uemg, Eliane Ayres, e as pesquisadoras Rosemary Bom Conselho Salles e Priscila Ariane Loschi.
O tecido
Segundo Eliane Ayres, a tecnologia derivou de um trabalho vencedor do Prêmio Jovem Cientista, concedido em 2012, pelo CNPq. Na época, buscavam-se soluções visando às Olímpiadas do Rio de Janeiro.
Segundo os pesquisadores, o tecido é um controlador térmico revestido por um complexo polimérico, formado por duas substâncias principais: o polietileno glicol (PEG) e o poli(ácido itacônico) [PIA].
O PEG é um tipo de PCM (do inglês, phase change material) capaz de absorver, armazenar e liberar a energia de outro material, na forma de calor. Quando aplicado a um tecido é capaz de regular continuamente o microclima entre a pele do usuário e o material.
A tecnologia também tem um viés sustentável, já que o PIA é um polímero que pode ser obtido de fontes renováveis, como melaço de cana-de-açúcar. A tecnologia pode ser aplicada em outros materiais, como couro, cimento, concreto e gesso.
A patente foi ofertada pela CTIT ao mercado e está sendo analisada por uma companhia de tecidos do interior de Minas.