Guerra de gangues

'Xerife de favela é a polícia', diz sargento da PM após prender homens armados no Primeiro de Maio

Vanda Sampaio
vsampaio@hojeemdia.com
03/09/2022 às 08:46.
Atualizado em 03/09/2022 às 10:53
 (Polícia Militar MG / Divulgação)

(Polícia Militar MG / Divulgação)

A Polícia Militar intensificou a presença no bairro Primeiro de Maio, na região Norte de Belo Horizonte, onde os moradores estão so tensão após traficante rivais declararem guerra. Durante as incursões na região, suspeitos armados foram presos dentro de um imóvel. No momento da prisão, um militar que se identifica como sargento Lisboa, grava um vídeo e dispara: "Xerife de favela é a polícia."

Na mensagem, o militar se dirige a criminosos que, desde terça-feira (31), aterrorizam a comunidade após a morte de um jovem. "Aqui ninguém vai aterrorizar os moradores e nem comerciantes', finaliza.

O sargento Lisboa também pede que a comunidade use o 190 e o 181 para fazer denuncias. Veja o vídeo. 

Por causa da briga de gangues pelo controle do tráfico de drogas e do risco de toque de recolher na comunidade, o policiamento reforçado vai ser mantido no bairro Primeiro de Maio, na região Norte de Belo Horizonte, durante o fim de semana, conforme explica o tenente Wilson Soares, do Grupo Especializado de Policiamento em Áreas de Risco (Gepar). 

"O clima já é de mais tranquilidade na comunidade.  Mas, nossa presença ainda é necessária por aqui", afirma o tenente.  

Reflexo

Nessa sexta-feira (2), cerca de 1.800 crianças de escolas municipais e estaduais tiveram as aulas suspensas por medidas de segurança. Sem aula, muitos pais relataram que não tinham com quem deixar os filhos para sair para o trabalho. 

Moradores relataram ao Hoje em Dia que as ruas ficaram pouco movimentadas e o comércio quase vazio. Veja vídeo.

O clima está tenso no bairro desde terça-feira (30) depois da morte de um jovem que estaria ligado ao tráfico de drogas. Segundo moradores, o grupo ligado a vítima foi para as ruas  para vingar a morte,  instalando um clima de terror no bairro.  

Após o crime, moradores registram em grupos de whatsapp a presença de criminosos armados pelas ruas da comunidade. 

O Hoje em Dia teve acesso a troca de mensagens  entre os moradores pelo grupo de whatsapp da comunidade antes da chegada da polícia,  em que relatam a presença de traficantes encapuzados e armados nas ruas do bairro. 

“Gente, pelo amor de Deus: quem é do Primeiro de Maio não sai para rua. Estava subindo para ir embora no ônibus. Tem um tanto de homem na rua com um tanto de arma na mão, com aquelas máscaras pretas que só mostra o olho.”

Em outra mensagem, um homem cita o clima tenso:

“Não tem jeito de sair daqui. Cercaram todos os lados (criminosos). Passou um caminhão aqui agora, você tinha que ver, só homem com metralhadora. Nós saímos correndo.”

Outra moradora afirma:

“Vi um povo subindo encapuzado com arma na mão na rua Volts. Pelo amor de Deus! Tem que ver. Os caras estão subindo o morro encapuzado, caçando alguém.”

Um homem que trabalha na comunidade fala o medo de ir para casa. 

“Toque de recolher não pode sair e nem entrar ninguém. Não sei como vou embora. Tenho que passar na passarela. Qualquer coisa vou dormir aqui no trabalho.”
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