Luz, câmera, vídeo-currículo! Recurso ajuda a demonstrar habilidades técnicas e comportamentais

Patrícia Santos Dumont
26/06/2019 às 15:20.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:16
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Escolher um local adequado, caprichar na simpatia, posicionar-se diante da câmera e gravar um vídeo, não para postar em redes sociais, mas para conseguir emprego. Modalidade mais moderna e completa do tradicional documento de papel, o vídeo-currículo chama a atenção dos recrutadores, e é um diferencial para os candidatos. O portfólio digital permite demonstrar habilidades que, antes, ficavam restritas à sala de entrevista. 

“Se o uso do tempo, que é curto, for bom, o candidato consegue demonstrar, dentre outras habilidades, capacidade de comunicação, de expor ideias, maturidade, se fica nervoso sob pressão, e se é bom em criar empatia”, avalia David Braga, presidente da Prime Talent – empresa de busca e seleção de profissionais estratégicos. Na opinião dele, o método também ajuda a reduzir custos e otimizar o tempo.

A dica do profissional para quem está participando de um processo seletivo que requer a ferramenta é customizar o material com base na vaga almejada. Isso significa compatibilizar o repertório profissional e as habilidades com o perfil da empresa. “O quê do seu repertório é importante? Por que você e não outro candidato? Que projetos seus conectam com aquilo que está sendo requisitado? Vivemos num mundo de cus-tomização, portanto, é preciso compreender a cultura de cada empresa”.

Gerente-geral de Recursos Humanos da PIF PAF Alimentos, Daniela Volponi vem utilizando a estratégia em alguns processos seletivos realizados pela empresa. Segundo ela, o vídeo-currículo permite que o candidato seja mais claro e assertivo quanto às competências que deseja “vender” para o recrutador.

“Em uma primeira triagem, ainda é possível demonstrar um pouco do feed cultural. Inquestionavelmente, existe ganho de tempo e um pouquinho de profundidade já na primeira etapa do processo”, diz. Na PIF PAF, o recurso foi aplicado em seleções para cargos que exigiam alta escolaridade. 

12% é o índice de desemprego no Brasil, conforme levantamento do IBGE divulgado em maio

Macetes

Para quem tem intimidade com as câmeras ou é bem familiarizado com tecnologia, gravar o próprio currículo pode parecer bem fácil. Pode, mas não é. Psicóloga, coach, job hunter, especialista em recolocação e carreira e autora do livro “Você de Emprego Novo”, Taís Targa diz que é preciso encarar a oportunidade com seriedade e o mesmo comprometimento com que se comparece a uma entrevista. “Recrutadores não estão atrás de perfeição. Querem saber como você se comunica, conhecer sua essência e qualificações. Fale sobre a carreira, de preferência usando exemplos práticos do que já foi entregue, mas seja sucinto e não ultrapasse 2, 3 minutos”, ensina. 

No canal pessoal no YouTube, ela dá dicas para acertar na postura diante da câmera e no roteiro escolhido para gravar o vídeo. 

Presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos Seção Minas Gerais (ABRH-MG), Eliane Ramos enfatiza os ganhos da nova ferramenta, mas chama a atenção para os cuidados necessários ao utilizá-la. “O currículo nada mais é que a venda do candidato. É por meio dele, do vídeo, nesse caso, que o recrutador vai perceber como a pessoa se expressa na zona de conforto –já que está em casa, normalmente. No currículo de papel, a gente lê, mas não tem esse retorno imediato. No vídeo, o candidato consegue realmente demonstrar quem é”, detalha.Editoria de Arte

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Entrevista e redes sociais ajudam a referendar candidato​

Embora a tecnologia venha sendo cada vez mais empregada nos processos seletivos, contato face a face e redes sociais continuam servindo de parâme-tro para referenciar o candidato. Diante dessa mescla de ferramentas digitais e analógicas, a palavra de ordem é coerência, ressalta a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos Seção Minas Gerais (ABRH-MG), Eliane Ramos. 

“Não adianta fazer uma gravação super séria, formal, e na rede social ou no contato pessoal, mostrar uma imagem despojada. Não é coerente com o que está sendo vendido. No mundo globalizado, todo mundo enxerga tudo ao mesmo tempo”, enfatiza, lembrando que a entrevista jamais será refeita. 

Presidente da Prime Talent, David Braga lembra que é na entrevista que o recrutador conseguirá extrair informações específicas para a vaga. “O currículo ou o vídeo serão o primeiro recado sobre quem é aquele profissional e qual o repertório dele. Mas é na entrevista que perguntas necessárias poderão ser feitas”, explica.

3 minutos é o tempo médio de gravação de um portfólio digital; vídeos muito longos ficam desinteressantes

Dia do encontro

Na hora do encontro, mais do que se preocupar em manter a adequação entre o que foi gravado ou está registrado na web, é preciso lembrar que cada etapa conta: da espera ao encerramento da entrevista. “Tem gente que só pensa na hora em que estará frente a frente com o entrevistador. Um erro! Na sala de espera você já está sendo observado”, alerta Eliane Ramos.

Também vale lembrar que o vídeo enviado poderá ser colocado à prova durante a entrevista. Recrutadores têm em mente que a versão enviada é a melhor do candidato. “Nada se compara ao que acontece ao vivo. Tudo espontâneo fica melhor”, frisa Eliane. 

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