Eleições 2022

Cresce fatia de eleitores que não são obrigados a votar, mas podem fazer diferença

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
01/08/2022 às 07:23.
Atualizado em 01/08/2022 às 07:46
Maria Ruth Perpétuo, de 74 anos, garante que não vai deixar de votar: “Temos que mostrar que a gente está vivo e tentar mudar o jeito que as coisas estão” (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

Maria Ruth Perpétuo, de 74 anos, garante que não vai deixar de votar: “Temos que mostrar que a gente está vivo e tentar mudar o jeito que as coisas estão” (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

O número de eleitores que podem escolher ir ou não às urnas nas eleições deste ano cresceu mais de 20% em Minas Gerais desde as últimas eleições gerais, em 2018. Jovens de 16 e 17 anos e idosos de 70 anos ou mais, assim como os analfabetos, não são obrigados a votar. No entanto, formam uma fatia considerável dos eleitores e podem fazer a diferença no resultado do pleito.

Em Minas, são 1.970.998 pessoas nesse perfil, o que representa 12% do eleitorado total – ou seja, um em cada oito eleitores se encaixam no chamado volto facultativo.

O crescimento desse eleitorado também ocorreu no país, com alta de 27% em relação ao pleito de 2018. Representando 13,4% do total – o maior em eleições nacionais desde 2002 (13,5%) –, é um contingente de eleitores grande demais para ser ignorado pelos pretendentes a cargos em outubro, dizem especialistas.

Segundo o cientista político Adriano Cerqueira, professor do Ibmec, o índice geral de comparecimento às urnas gira em torno de 70%. Se essa expectativa se confirmar, serão quase 1,4 milhão de votos de eleitores facultativos em Minas.

Para se ter uma ideia da importância desses eleitores no resultado das eleições, no pleito de 2018 o quociente eleitoral para eleger um deputado estadual em Minas Gerais foi de 131 mil votos; para deputado federal foram necessários 190 mil votos. Significa que o grupo daqueles que votam se quiser é suficiente para eleger quase dez deputados estaduais e em torno de sete federais.

De acordo com Adriano Cerqueira, o grupo dos idosos requer uma atenção especial. “Se no passado a saúde atrapalhava esse grupo de participar, hoje as pessoas com esta idade estão muito mais ativas e com muito mais vontade de participar. Os idosos são quase sete vezes mais do que os jovens e têm mais experiência, mais convicção na hora de participar”, afirma o especialista.

Desafio

Apesar de uma eleição polarizada incentivar a participação dos eleitores, Adriano Cerqueira ressalta que o desafio dos candidatos continua ser convencer esses eleitores “optativos” a saírem de casa para votar.

“São dois grupos muito diferentes: os jovens e os idosos. A polarização motiva, em especial, os jovens, por serem mais influenciáveis, mais reativos emocionalmente, eles podem se sentir mais motivados. Mas uma série de coisas pode acontecer no dia e fazer com que eles não votem. Os idosos, por sua vez, fazem as coisas com mais planejamento. Só se houver algo mais catastrófico vai tirar essa pessoa da urna se ela tiver planejado votar”, compara.

No que depender de Maria Ruth Perpétuo, eleitora com 74 anos, não vai faltar voto na urna. Moradora de Contagem, na Grande BH, ela diz que não deixa de participar de jeito nenhum. “Temos que votar, mostrar que a gente está vivo e tentar mudar o jeito que as coisas estão, dar nossa contribuição. A gente está velho, mas não está morto”, brinca.

Outro voto garantido é o de Marco Antônio Pereira, de 16 anos. Ele tirou o título de eleitor nos últimos dias do prazo final, que era 4 de maio. “Acho importante os jovens terem essa participação na política, manifestar sua opinião”, avalia.

O eleitorado mineiro é formado por 16.290.870 pessoas aptas a votar neste ano. O número representa um aumento de 2,25% em relação a 2020 e de 3,75% em relação a 2018. Minas é o segundo maior colégio eleitoral do país, com 10,41% do número total nacional, atrás apenas de São Paulo, que soma 34.667.793 eleitores (22,16% do total do país).

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