Após corrida por vacinas, Prefeitura de Santo André diz que neto de Lula não morreu de meningite

José Vítor Camilo
02/04/2019 às 15:03.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:03
 (Ricardo Stuckert / Divulgação)

(Ricardo Stuckert / Divulgação)

Um mês após a morte do pequeno Arthur Araújo Lula da Silva, de 7 anos, neto do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, a Prefeitura de Santo André (SP), cidade onde o menino foi internado, informou que a causa da morte não teria sido meningite, diferentemente do que foi divulgado inicialmente pelo hospital. Depois da notícia se espalhar, laboratórios de Belo Horizonte e várias outras cidades do país registraram um grande aumento na busca pelas vacinas de meningite, inclusive com o estoque de um dos pontos da capital mineira chegando a se esgotar.

A criança deu entrada no Hospital Bartira às 7h14 do dia 1º de março deste ano com dor de cabeça, febre, mialgia, exantema, cianose, náuseas e dores abdominais, de acordo com a nota divulgada pelo município. O quadro teria evoluido para confusão mental em pouco tempo e, por volta das 12h, o óbito foi confirmado. A Prefeitura foi notificada pelo hospital de que a causa da morte seria meningite. "Apesar da notificação, o resultado do exame de líquor, realizado no mesmo dia pelo próprio Hospital Bartira, acusou bacterioscopia negativa", diz a nota.

Diante do laudo, a Secretaria de Saúde de Santo André encaminhou as amostras de sangue e líquor do garoto para confirmação no Instituto Adolfo Lutz, que normalmente pede um prazo de 15 a 30 dias para apresentar o resultado. "Além de encaminhamento das amostras, realizamos esquema profilático dos comunicantes (pessoas com contato íntimo por mais de quatro horas diárias com o paciente nos últimos sete dias). Devido ao fato de o paciente estudar em São Bernardo do Campo, a Vigilância Epidemiológica do referido município foi comunicada para que as medidas de profilaxia cabíveis fossem tomadas na escola, o que devidamente ocorreu", completa a Prefeitura. 

Por fim, o órgão garantiu que as investigações foram finalizadas e que o resultado dos exames descartaram as seguintes doenças: meningite, meningite meningocócica e meningococcemia. "Todos os procedimentos de proteção e profilaxia dos comunicantes foram realizados seguindo os protocolos do Ministério da Saúde. Informações adicionais relacionadas ao caso dependem de autorização expressa da família da criança”, concluiu o município. 

Nas redes sociais, o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) compartilhou a notícia sobre a confirmação de que a morte não teve relação com a meningite e criticou o que chamou de "vazamento antiético e irresponsável para a Saúde Pública" por parte do Hospital Bartira. 

"Apenas dois objetivos nos movem em relação a tais cobranças. O primeiro nós conseguimos: que a autoridade sanitária viesse a público esclarecer à população que não se tratava de um caso de doença meningóccica, para qual havia corrida por vacina. O segundo é que o Hospital Bartira/Rede D'or esclareça quais procedimentos de apuração já realizou, para o vazamento de diagnóstico que se revelou antiético para com a família e irresponsável com a Saúde Pública da região", completou o parlamentar. 

A reportagem tentou contato por telefone com o hospital, porém, o número da assessoria de imprensa informado por funcionários da unidade não atende. 

Corrida por vacinas 

Na primeira semana após a notícia de que o pequeno Arthur teria morrido de meningite, os laboratórios de Belo Horizonte registraram uma verdadeira corrida de pais por vacinas contra a doença, mesmo com os preços bastante "salgados".  No caso da vacina mais procurada, do tipo meningocócia B, o valor variava de R$ 518 a R$ 597 na capital mineira. 

No bairro São Francisco, na região da Pampulha, o Centro de Excelência em Saúde do Sesc, é um dos pontos onde é possível encontrar doses das vacinas contra a meningite a um preço mais competitivo. Renato Romano, gerente da unidade, relatou no dia 11 de março que, após a morte do neto do ex-presidente, o estoque de quase 500 doses da vacina meningocócica B acabou em três dias.

Na unidade, qualquer pessoa pode comprar a vacina, porém, trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo, com a carteirinha do Sesc em dia, possuem um subsídio que reduz ainda mais o preço da vacina. "Todas as vacinas do calendário público a gente oferece também - infantil e adulto. Nesse caso basta a pessoa levar a carteira de vacinação, um documento da criança e CPF", aponta Romano. O Centro de Excelência em Saúde do Sesc, localizado na rua Viana do Castelo, 645, bairro São Francisco, funciona de 7h às 18h durante os dias de semana e de 7h ao meio-dia aos sábados. 

Já nas 19 lojas do laboratório Hermes Pardini que oferecem o serviço em BH, foi registrado um aumento de 80,32% nas vendas das vacinas contra meningite nos seis primeiros dias de março, mesmo coincidindo com a data do Carnaval, período em que a procura por vacinação costuma ser menor. Se em março de 2018 a média de venda foi de 39 vacinas por dia, com um total de 1.212 vendidas em todo o mês, nos primeiros dias de março deste ano a média registrada foi de 70 vacinas ao dia.

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