MP de Goiás recebe mais de 500 relatos contra João de Deus; defesa pede prisão domiciliar

Agência Brasil
17/12/2018 às 20:30.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:37
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil )

(Marcelo Camargo/Agência Brasil )

A força-tarefa, criada pelo Ministério Público de Goiás, para apurar as acusações de abuso sexual contra o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, recebeu até segunda-feira (17) 506 relatos de mulheres que denunciam crimes sexuais envolvendo o médium. Há uma semana, desde que o grupo foi criado, o número de denúncias aumenta.

O delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes, confirmou que o pedido de prisão preventiva contra João de Deus se baseou em 15 denúncias, já formalizadas, aos policiais. Nelas, as mulheres prestaram depoimento separadamente e contaram relatos semelhantes sobre o suposto modo de agir do médium.

De acordo com o Ministério Público, há possíveis vítimas também no Ceará, Mato Grosso e Rio Grande do Norte. Anteriormente, as investigações se concentravam em Goiás, no Distrito Federal, em Minas Gerais, em São Paulo, no Paraná, no Rio de Janeiro, em Pernambuco, no Espírito Santo, Rio Grande do Sul, no Mato Grosso do Sul, no Pará, em Santa Catarina, no Piauí e no Maranhão.

Há, ainda, relatos de suspeitas em seis países: Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e Suíça. As vítimas podem fazer os relatos para denuncias@mpgo.mp.br.

Prisão domiciliar

O advogado Alberto Toron, que defende o médium, entrou à tarde com habeas corpus para transformar a decisão judicial de prisão preventiva em prisão domiciliar com tornozeleira. Segundo o advogado, é preciso levar em conta a idade avançada e o estado de saúde de João de Deus.

O médium passou a noite em uma cela de 16 metros quadrados com pia e vaso sanitário, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, denominado Núcleo de Custódia. O médium, segundo os advogados, é cardíaco e superou há pouco tempo um câncer.

Apenas no final da tarde de domingo João de Deus se entregou, em uma estrada de terra na região de Abadiânia, em Goiás. De acordo com os advogados, o lugar foi escolhido para preservar o médium. Porém, policiais confirmaram que houve uma longa negociação para ele se entregar.

Os advogados reiteram a inocência de João de Deus e levantam dúvidas sobre o comportamento das possíveis vítimas e o conteúdo de seus depoimentos.

Dinheiro

Questionado sobre a movimentação de cerca de R$ 35 milhões nas contas de João de Deus, o advogado considerou “normal”. De acordo com Toron, o médium não sacou o dinheiro, apenas retirou de aplicação. “O dinheiro não foi sacado, [ele] apenas baixou as aplicações”, afirmou. Com isso, “caiu por terra” a suspeita de fuga.

O advogado Ronivan Peixoto Morais Júnior disse que João de Deus poderia fazer movimentações financeiras, pois seus bens não estavam bloqueados. Para ele, a suspeita de ocultação de bens, como foi divulgado, pode ser um pré-julgamento do Ministério Público.

“Qual o problema de alguém movimentar sua conta? Existe um bloqueio de bens dele?”, reagiu o advogado. “É um pré-julgamento que o Ministério Público está fazendo. Não sei qual foi o tipo de denúncia foi fomentada, mas certamente para tentar justificar o bloqueio de bens dele.”

Filha

Ronivan Júnior disse que teve acesso a vídeos e depoimentos de Dalva Teixeira, filha de João de Deus, que acusou o pai de abuso sexual e estupro. Segundo o advogado, a mulher chegou a pedir desculpas para o pai e negou as acusações. Ele disse que a mulher foi levada por pressão familiar a fazer as denúncias.

Tanto Ronivan Júnior quanto Toron levantaram dúvidas sobre a credibilidade das mais de 330 denúncias de abuso sexual feitas contra João de Deus. Ronivan ressaltou que os atendimentos eram feitos em um espaço transparente, enquanto Toron disse estranhar que uma vítima retornasse ao local onde foi agredida.

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