
A provável reedição do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEM), anunciada pelo ministro da economia Paulo Guedes, ontem, pode afetar mais de 1,8 milhão de trabalhadores mineiros.
Dados do Ministério da Economia mostram que a medida adotada inicialmente entre abril e dezembro do ano passado – e que autoriza empresas a reduzir salários e carga horária e a suspender contratos de trabalho –, terá forte impacto em três setores: serviços, comércio e indústria.
Representantes de tais segmentos em Minas veem a iniciativa como essencial para garantir fôlego a empreendimentos de diferentes tamanhos, ajudando-os a superar os efeitos da pandemia e, também, preparando-os para a retomada econômica do período pós-Covid-19.
No ano passado, de um total de 1.877.495 acordos feitos em Minas nas normas do BEM, 1.420.773 foram firmados entre trabalhadores e patrões dos setores de serviços e comércio. As duas áreas, aliás, representam 72% do Produto Interno Bruto (PIB) de Belo Horizonte e foram as mais impactadas pela pandemia na cidade.
Para o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas da capital (CDL-BH), Marcelo Souza e Silva, a reedição do programa é a única solução viável para que o setor mantenha empregos e consiga mitigar os impactos de possíveis novas ações de isolamento social – que podem voltar a ser aplicadas diante da escalada da Covid-19.
“Essa medida vem em ótima hora e era esperada desde o início do ano. Estamos vendo um aumento do número de casos, anúncios de lockdown em Minas e o comércio e os serviços são os mais impactados. Qualquer aceno que nos traga fôlego neste cenário é positivo”, enfatiza Silva.
Outro setor que comemorou o anúncio de Paulo Guedes foi o da indústria. Embora tenha sofrido menos do que comércio e serviços em 2020, o setor agregou, em Minas, 22% dos acordos firmados sob as normas do BEM. A maior parte dos acertos se deu na chamada indústria de transformação.
Também no ano passado, a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) firmou convenção coletiva no setor de Metalurgia, que estendeu por mais um mês o prazo previsto para estabilidade dos empregos – prevista no programa emergencial.

Marcelo Souza e Silva: reedição do programa é a única solução viável para que o setor mantenha empregos e consiga mitigar os impactos de possíveis novas ações de isolamento social
Segundo Erika Morreale, presidente do Conselho de Relações do Trabalho da entidade, a volta do BEM sinaliza que a cadeia produtiva será mantida, mesmo com os efeitos negativos na economia da crise sanitária.
“Nós sempre apontamos que é importante a manutenção dos empregos, principalmente pensando no pós-pandemia. É preciso manter a crença de que a situação vai melhorar e garantir os empregos agora, neste momento delicado. Assim, podemos nos recuperar mais rápido”, explica ela.
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