
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou ontem que pode até cassar o registro da Backer, maior cervejaria artesanal de Minas Gerais, caso se confirme a utilização inadequada pela empresa de monoetilenoglicol e dietilenoglicol. Tais agentes teriam contaminado a água usada na produção da empresa, atualmente interditada.
A Backer é, atualmente, responsável por 44% da produção do setor em Minas Gerais, segundo dados do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (Sindbebidas/MG).
Ainda de acordo com o sindicato, o setor tem crescido cerca de 20% ao ano, na contramão da queda de 3% de cervejarias maiores no país.
Apesar de desconhecidas as circunstâncias e a dimensão das causas para a síndrome nefroneural – a suspeita é de que as vítimas da enfermidade teriam se intoxicado com a cerveja Belorizontina, da Backer – o que já se pode prever é que todo o segmento de artesanais deve enfrentar um revés diante da repercussão.
“Naturalmente, qualquer setor que tenha uma notícia dessa natureza vai sofrer uma retração de consumo, mas o segmento desenvolveu um público maduro e bem informado”, diz Marco Falcone, vice-presidente do Sindbebidas/MG.
Sobre estratégias para minimizar os prejuízos, Falcone diz ainda ser cedo, já que é preciso entender realmente o que aconteceu. “É preciso aguardar o resultado dos laudos antes de podermos opinar”.
É o discurso adotado também pela coordenadora administrativa da Escola Mineira de Sommelieria, Jaqueline de Oliveira Silva. “Somos solidários com a Backer, uma empresa idônea em um mercado responsável. Não sabemos ainda o que aconteceu, mas acreditamos que foi pontual e estamos na luta para poder minimizar todas as conse-quências”.
Marco Falcone disse que o Sindbebidas/MG encaminhou pedido ao Mapa para estabelecer uma instrução normativa determinando que substâncias anticongelantes podem ser usadas, proibindo agentes intoxicantes e reforçando a segurança nas cervejarias.
Ainda segundo ele, todas as providências tomadas até o momento são preventivas para evitar que novas intoxicações possam acontecer.
A Polícia Civil confirmou ontem a investigação de mais uma morte, em Belo Horizonte, causada pela síndrome nefroneural. Já são duas fatalidades e há um terceiro óbito sobn suspeita.
“Não julguem as outras cervejarias artesanais pelo fato que está acontecendo com a Backer”, pediu em coletiva, anteontem, a diretora de Marketing da Backer, Paula Lebbos.
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