Estudo

Cigarro e álcool fazem jovens adultos serem mais propensos a doenças não transmissíveis, aponta UFMG

Da Redação*
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Publicado em 24/05/2023 às 20:49.

Um estudo da Faculdade de Medicina da UFMG, publicado em abril de 2023 na revista científica Preventing Chronic Disease, descobriu que jovens adultos (de 18 a 34 anos) apresentam 21% mais comportamentos de risco para desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) do que idosos acima de 60 anos.

“Essas doenças geralmente são associadas à idade, e é muito preocupante a presença delas em indivíduos mais jovens. É o que chamamos de perda prematura de anos de vida saudáveis”, afirma a pesquisadora Thaís Cristina Marquezine Caldeira.

As DCNTs são condições de saúde que resultam da combinação de fatores genéticos, fisiológicos, ambientais e comportamentais. Algumas das mais comuns são doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, doenças respiratórias crônicas e obesidade. Elas são associadas a hábitos de risco, como consumo abusivo de álcool, consumo regular de bebidas açucaradas, tabagismo, má alimentação e falta de atividades físicas, segundo a UFMG.

As doenças crônicas não transmissíveis, além de morte prematura, podem gerar perda da qualidade de vida e prejuízos econômicos substanciais em todo o mundo.

Os cientistas usaram dados de 567.336 brasileiros adultos que responderam à pesquisa Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2009 a 2019.

Fatores de risco
Thais Caldeira analisou cinco fatores de risco para as DCNTs: baixo consumo de frutas e hortaliças (menos de cinco dias na semana), consumo regular de bebidas açucaradas (cinco ou mais dias na semana), tabagismo, consumo abusivo de álcool (quatro ou mais doses em ocasião única, nos últimos 30 dias, para mulheres, e cinco doses para homens) e prática de atividade física insuficiente (menos de 150 minutos por semana). Foram avaliadas também características sociodemográficas, como sexo, faixa etária e escolaridade.

De acordo com o estudo da UFMG, os comportamentos de risco que mais contribuíram para a incidência de mais de uma DCNT foram o tabagismo, o consumo de bebidas açucaradas e o abuso de álcool. A prevalência de comportamentos inadequados se mostrou maior entre os homens do que entre as mulheres e inversamente proporcional à idade e à escolaridade. Os cientistas estimam que mais de 40% da população mantém pelo menos dois desses comportamentos simultaneamente.

De acordo com o Ministério da Saúde, quase 60 milhões de brasileiros têm pelo menos uma doença crônica não transmissível. Problemas como diabetes, cardiopatias, cânceres, doenças respiratórias crônicas e obesidade provocam cerca de 72% das mortes no país.

O quadro é grave, por isso a prevenção e o tratamento adequado são de extrema importância. Os cuidados podem ser tomados com acompanhamento de profissionais de saúde, uso de medicamentos (quando necessário) e mudanças de hábitos. O tratamento depende do tipo da doença crônica: geralmente, o paciente precisa tomar remédios pelo resto da vida.

“Uma das formas de prevenção está associada à diminuição dos principais fatores de risco comportamentais. A prática de múltiplos comportamentos de risco representa um desafio para o sistema de saúde, uma vez que quatro DCNTs são responsáveis por grande carga de doenças no país, e elas estão associadas a quatro comportamentos modificáveis: alimentação não saudável, inatividade física, consumo excessivo de bebida alcoólica e tabagismo”, explica Thaís Caldeira.

Para a pesquisadora, é crucial implementar políticas públicas abrangentes e programas de educação em saúde: “A conscientização da população e o acesso aos serviços de prevenção e tratamento adequados também são fundamentais para reverter o quadro e melhorar a saúde da população”.

(*) Com Centro de Comunicação da Faculdade de Medicina.

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