Circulação de 3 sorotipos de dengue acende alerta em MG, que antecipa ações de combate ao mosquito
Secretaria de Saúde inicia capacitação dos municípios e prevê cenário desafiar com aproximação do período chuvoso
Minas se prepara para enfrentar novo ciclo de arboviroses com um alerta: três sorotipos diferentes do vírus da dengue podem circular simultaneamente no Estado a partir do período chuvoso, o que amplia o risco de formas graves da doença. A projeção foi feita nesta quarta-feira (4) pelo secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti.
Para mitigar os impactos, o governo estadual anunciou investimento de mais R$ 200 milhões em ações de prevenção, monitoramento e capacitação dos municípios. Segundo o último boletim epidemiológico, são 99.047 casos confirmados de dengue, com 116 óbitos em 2025.
Do total dos recursos anunciados, R$ 120 milhões serão destinados aos municípios para a preparação e resposta à situação de emergência. Para o controle da população de mosquitos, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) descentralizou a rede de veículos equipados com aspersores (UBV-Veicular), utilizados para a aplicação espacial de inseticidas. Serão repassados R$ 35 milhões para os consórcios municipais de saúde, que atendem todo o território mineiro.
Também serão investidos R$ 27 milhões no fortalecimento da rede de laboratórios do Estado, garantindo maior agilidade nos diagnósticos e no monitoramento epidemiológico.
Triângulo Mineiro
De acordo com Baccheretti, em 2024 o Triângulo Mineiro viveu um cenário atípico. A região foi impactada pela entrada dos sorotipos 2 e 3 e teve um aumento expressivo no número de diagnósticos. A preocupação agora é que esses vírus se espalhem para outras regiões, somando-se ao sorotipo já predominante.
“Temos indicativos de ser um ano muito difícil por circulação de três sorotipos ao mesmo tempo no estado. Nos outros anos, tínhamos somente um sorotipo circulando. Tendo três, a chance de contaminar alguém que nunca teve aquele tipo e desenvolver a doença é muito maior”, alertou o secretário. Segundo ele, infecções por diferentes tipos de dengue em curto intervalo de tempo aumentam significativamente o risco de evolução para formas graves, como a dengue hemorrágica.
A SES-MG reforçou a importância na eliminação dos focos do Aedes aegypti. “Parece cedo, mas o preparo começa agora. Esse vetor está lá com o ovo esperando a primeira gota de chuva”, explicou Baccheretti. Ele reforçou que mais de 80% dos focos estão dentro das casas e pediu o apoio da população para fazer limpezas em calhas, ralos e locais que acumulam água.
Vacinas e tecnologia Wolbachia
A vacina contra a dengue, composta por duas doses, está disponível atualmente para crianças e adolescentes de 6 a 14 anos. O secretário reforçou a importância de não deixar doses "paradas" nos postos e incentivar a imunização.
Minas também prepara para dezembro o início da liberação de mosquitos com a bactéria Wolbachia, que impedem a transmissão do vírus. A tecnologia, já usada com sucesso em cidades como Niterói (RJ), será produzida em uma biofábrica com equipamentos da Fiocruz. A construção da estrutura foi feita com recursos da Vale, após o desastre de Brumadinho.
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