Em estudo publicado no início de março na revista científica Annals of the Rheumatic Diseases, cientistas afirmam que a terceira dose da vacina CoronaVac contra Covid-19 pode gerar eficácia de 90% em pacientes com doenças reumáticas autoimunes.

O trabalho foi realizado no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) com 597 pacientes adultos com doenças reumáticas autoimunes e 199 pessoas saudáveis, do grupo de controle. Todos os participantes foram vacinados com duas doses de CoronaVac e receberam a terceira aplicação seis meses após a segunda. Pacientes com doença controlada suspenderam as medicações imunossupressoras durante o período de vacinação, de acordo com os pesquisadores.

Entre os participantes com a condição autoimune, a taxa de ativação de anticorpos IgG que atuam contra o coronavírus aumentou de 60% com duas doses, para 93% um mês após a aplicação do reforço. Já a taxa de anticorpos neutralizantes (impedem a entrada de vírus) aumentou de 38% antes da terceira dose para 81,4%, após 30 dias da imunização. O mesmo padrão foi observado no grupo controle.

Ainda no estudo, fatores como idade avançada, diagnóstico de vasculite (inflamação dos vasos sanguíneos) e uso dos medicamentos corticoides e para prevenir rejeição de transplantes foram associados à redução dos anticorpos IgG. Além disso, o uso dos fármacos prednisona, abatacepte, belimumab e rituximabe levaram à menor produção de anticorpos neutralizantes.

De acordo com os pesquisadores, o trabalho reforça a importância da terceira dose para pessoas com doenças reumáticas autoimunes. “Este estudo fornece novas evidências de um aumento substancial na resposta imune com uma dose adicional da CoronaVac administrada seis meses após duas doses da mesma vacina inativada, em uma grande coorte prospectiva controlada de pacientes”, afirmam no artigo recém-publicado.