Saúde

Funed faz parceria para criar colírio à base de Cannabis e ajudar no tratamento do glaucoma

Luciane Amaral
lamaral@hojeemdia.com.br
26/05/2022 às 21:03.
Atualizado em 26/05/2022 às 21:05
Laboratório farmacêutico Ease Labs fabrica produtos à base de cannabis e desenvolve colírio para tratamento de glaucoma com a Funed (Easy Labs / Divulgação)

Laboratório farmacêutico Ease Labs fabrica produtos à base de cannabis e desenvolve colírio para tratamento de glaucoma com a Funed (Easy Labs / Divulgação)

A criação de novos produtos traz esperança para quem não encontra na farmacologia tradicional um tratamento eficaz para os problemas de saúde. E, com a pandemia, as inovações na área nunca foram tão procuradas, acirrando a busca de soluções que ajudem o sistema como um todo a ser mais eficiente.

Segundo o Guia 2020 da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) - entidade que tem, entre seus associados, empresas que respondem por metade do mercado farmacêutico do país há mais de 10 anos - o maior volume de gastos com medicamentos vendidos no Brasil é de produtos que já são comercializados há mais de 11 anos.

De acordo com a Interfarma, a demora na atualização do mercado revela que “o paciente brasileiro está sem acesso às inovações em saúde disponíveis em outros países. São tratamentos que poderiam dar mais qualidade de vida (aos pacientes) ou até mesmo curar doenças” - afirma a entidade.

Para agilizar o processo de inovação, surgem novas parcerias entre farmacêuticas, startups, universidades e centros de pesquisa, em busca de novas drogas.

Colírio à base de cannabis

Em Belo Horizonte, o desenvolvimento de um colírio à base de cannabis pode ajudar pacientes que sofrem de glaucoma, doença que provoca o aumento da pressão ocular, não tem cura e, sem tratamento, provoca degeneração da retina e pode levar à cegueira. 

A diretora de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Ezequiel Dias (Funed), Sílvia Ligório Fialho, explica que a neuropatia afeta mais de 60 milhões de pessoas no mundo. E que, por mais que existam diferentes tratamentos, a maioria causa efeitos adversos, tem alto custo e exige uso contínuo. “Há uma busca por tratamentos com menos efeitos colaterais e que tenham maior adesão dos pacientes.”

Sílvia é coordenadora de um acordo de parceria entre a Funed e a empresa farmacêutica, a Ease Labs, especializada em produtos à base de cannabis, para o desenvolvimento do novo produto, que está na fase inicial. Segundo ela, há estudos na literatura médica que demonstram atividade de derivados da cannabis na redução da pressão intraocular.

O grupo da Funed trabalha com o desenvolvimento de produtos oftálmicos há 15 anos, já tem alguns modelos desenvolvidos e viu potencial na proposta do laboratório. Cinco pesquisadores da Funed e 5 funcionários da farmacêutica trabalham na criação do colírio.

A pesquisadora esclarece que ainda serão realizados testes pré-clínicos em animais para posterior avaliação da viabilidade de realização de estudo clínico em humanos. E que estudos publicados mostram que derivados de cannabis têm potencial para reduzir a pressão intraocular e proteger as estruturas da retina de degeneração causada pela pressão elevada.

O desenvolvimento do colírio deve seguir três fases: formulação, teste em cobaias e teste em humanos. A estimativa de Sílvia Fialho é que as duas primeiras etapas estejam concluídas em um ano.

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