
Todo mundo tem em casa remédios indicados para combater dor de cabeça e também oq ue sobrou de um antibiótico ou outra medicação prescrita por um médico. Guardá-los na gaveta é uma coisa, mas consumi-los sem prescriação é outra bem diferente. Ainda mais sem respeita a data de validade deles.
Mesmo que pareçam intactos, o uso de medicamentos vencidos pode trazer riscos sérios à saúde.“Não apenas perdem sua eficácia, como também podem provocar reações adversas e efeitos colaterais graves”, alerta Thiago Piccirillo, clínico geral da Rede de Hospitais São Camilo, em São Paulo.
De acordo com a Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o uso de medicamentos com validade expirada é contraindicado, justamente por não haver mais garantias quanto à estabilidade e à segurança do princípio ativo. Ou seja, além de não surtir o efeito esperado, o remédio pode provocar novos problemas de saúde.
“O prazo de validade é definido após estudos de estabilidade feitos pela indústria farmacêutica. Após esse período, o remédio pode sofrer degradação química, microbiológica ou física, o que pode resultar em ineficácia e até toxicidade”, explica o especialista.
Riscos que vão além da ineficácia
Thiago Piccirillo ressalta que os principais riscos incluem intoxicações, reações alérgicas, sobrecarga hepática e agravamento do quadro clínico. “Diversos tipos de medicamentos podem apresentar problemas após o vencimento. Analgésicos, antitérmicos, anti-inflamatórios, anticoncepcionais e até medicamentos de uso contínuo para doenças crônicas podem perder seu efeito ou provocar efeitos adversos indesejados”, explica.
O uso de antibióticos vencidos merece atenção especial por favorecer o desenvolvimento de bactérias resistentes, um problema grave de saúde pública. Um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) já apontou que o uso inadequado de medicamentos, incluindo a automedicação com fármacos vencidos, está entre os principais fatores que contribuem para o aumento da resistência antimicrobiana no mundo.
Há ainda casos em que o princípio ativo se degrada com o tempo e pode se transformar em uma substância tóxica, aumentando o risco de complicações para o paciente. “Por isso, mesmo que o remédio pareça em bom estado, ele não deve ser utilizado após o vencimento”, reforça o médico.
Mas o que fazer com os remédios vencidos?
Se a solução não é tomar, tampouco é jogar no lixo comum ou no vaso sanitário. O descarte incorreto pode contaminar o solo, a água e afetar a saúde coletiva. “O ideal é levar os medicamentos vencidos ou em desuso a pontos de coleta especializados, como farmácias e unidades de saúde que participam de programas de recolhimento”, orienta o médico.
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