Efeito cascata

Alta dos combustíveis deve impactar do preço da comida à energia elétrica

Hermano Chiodi e Leíse Costa
primeiroplano@hojeemdia.com.br
11/03/2022 às 06:30.
Atualizado em 11/03/2022 às 13:10
 (Tânia Rêgo/ Agência Brasil)

(Tânia Rêgo/ Agência Brasil)

O novo aumento nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, anunciado nesta quinta-feira (10) pela Petrobras, deve provocar um efeito cascata que atinge, no curto ou no médio prazo, todos os setores da economia. De acordo com a Petrobras, o preço médio da gasolina passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro na refinaria (+18,8%). No caso do diesel, o preço médio do litro passa de R$ 3,61 para R$ 4,51 (+25%). Para o GLP (gás de cozinha), o reajuste foi de 16,1%.

Como explica o professor de Economia do Ibmec, Felipe Leroy, “o aumento dos combustíveis mexe com toda a cadeia produtiva mundial, não só do Brasil. Vai desde o combustível utilizado para produzir energia nas termelétricas até ao custo de produção dos pneus dos carros, passando pelos produtos agrícolas, ou seja, não tem como fugir”, disse. Segundo ele, “é um modelo caótico. A gente é refém de um setor monopolista e de um produto que não tem substituto. Então o consumidor acaba pagando o preço, pois não tem alternativa”.

O especialista explica que, do ponto de vista do consumidor, o efeito será imediato em praticamente todos os produtos; já do ponto de vista estatístico da economia, o aumento dos preços agrava a situação inflacionária e segura a retomada do crescimento. “Teremos uma inflação exagerada, acima do teto da meta, que é de 5%, e também um crescimento pífio, mesmo com o fim da pandemia”, avalia.

Efeitos da guerra

Em comunicado oficial, a Petrobras afirmou que o reajuste foi necessário devido à redução na oferta global do petróleo, em razão da guerra entre Rússia e Ucrânia, com consequente aumento no preço do barril no mercado internacional.

Filas

Poucas horas depois do anúncio, os postos de Belo Horizonte e também do interior já começaram a registrar filas. Em um posto no bairro Prado, região Oeste da capital, motoristas, como Paulo Weber, gerente de loja, faziam fila para aproveitar o preço antigo. “Tudo aumenta, menos o nosso orçamento. Então, não posso perder a oportunidade”, disse. 

O metalúrgico Eduardo de Lima é outro na mesma situação. “A gente tem que dar um jeito de fazer esses aumentos caberem no orçamento”, disse. Ele ficou sabendo do reajuste e procurou um posto com preço mais em conta.

Interior de Minas

Em cidades do interior do Estado, além da alta nos preços, o risco de desabastecimento também preocupa. Heleno Fernandes, proprietário de dois postos de combustíveis em Janaúba, no Norte de Minas, teme que a queda de oferta de petróleo no mundo devido à guerra comprometa o fornecimento de combustíveis e com isso a situação piore. “Já tem mais de 15 dias que temos muita dificuldade para comprar, principalmente o diesel. As distribuidoras simplesmente ignoram, não dão satisfação nenhuma”, afirma. 

Vitor Veloso, proprietário de posto em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, disse que precisou reajustar o valor poucas horas após o anúncio por causa das filas que se formaram no local. “Meu posto virou uma muvuca, uma baderna, vendi uma litragem absurda que nunca tinha vendido antes. Precisei aumentar para estabilizar a situação e eu conseguir abrir amanhã porque todos os alertas do meu estoque estão no vermelho”, relata.

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