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Apresentador Monark é desligado do podcast Flow; youtuber defendeu existência de partido nazista

Clara Mariz*
@clara_mariz
08/02/2022 às 17:23.
Atualizado em 08/02/2022 às 17:31
 (Reprodução / Flow Podcast)

(Reprodução / Flow Podcast)

Após a fala do apresentador Bruno Aiub, conhecido como Monark, defendendo a criação de "partidos nazistas" durante o episódio dessa segunda-feira (7) do podcast Flow, exibido na plataforma Twitch, o Estúdios Flow, responsável pela produção e divulgação do programa, emitiu uma nota nesta terça-feira (8) anunciando o "desligamento" do youtuber.

Em sua conta no Twitter, a empresa afirmou que a decisão foi tomada em conformidade com que "determinam os preceitos de boa prática", além da missão e visão do estúdio. "Reforçamos o nosso comprometimento com a Democracia e Direitos Humanos, portanto, o episódio 545 foi tirado do ar. Comunicamos também a decisão que, a partir deste momento, o youtuber Bruno Aiub @Monark, está desligado dos Estúdio Flow", escreveu a empresa. 

Já na manhã desta terça, a empresa foi alvo de diversas críticas nas redes sociais e perdeu parcerias e contratos. A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), que tinha contrato com os Estúdios Flow para exibição do campeonato carioca em 2022, anunciou o rompimento do vínculo com o podcast.

A Mondelez Brasil, detentora da marca BIS, anunciou que fez parcerias pontuais com os Estúdios Flow em 2021, e não terá mais o nome vinculado à empresa. O mesmo aconteceu com a marca esportiva Puma, que, em nota, esclareceu que participou de ações com o grupo, mas não patrocina mais o Flow.

No Brasil, a Lei 7.716/89 prevê como crime, no Artigo 20, "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". O ato é considerado crime inafiançável, podendo acarretar até cinco anos de prisão, além de multa.

Relembre o caso 
Na mesa do programa dessa segunda-feira, estavam com Monark o outro apresentador, conhecido como Igão 3k, além dos deputados federais Tábata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (Podemos-SP). O youtuber começou o argumento dizendo que "a esquerda radical tem muito mais espaço do que a direita radical" e, na opinião dele, "as duas tinham que ter espaço". "Eu sou mais louco do que vocês. Eu acho que tinha que ter partido nazista reconhecido pela lei", afirmou.

Na sequência, Tabata Amaral interrompeu e pontuou que "liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca a vida do outro em risco. O nazismo é contra a população judaica. Isso coloca uma população inteira em risco".

Mesmo assim, o apresentador insistiu, e afirmou que "se um cara quisesse ser anti-judeu, eu acho que ele tinha o direito de ser". Ele ainda perguntou: "Você vai matar quem é anti-judeu? (…) Ele não está sendo anti-vida, ele não gosta dos ideais (dos judeus)".

Confederação Israelita
Em nota, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) condenou a fala de Monark, e relembrou as seis milhões de mortes de judeus em decorrência do regime nazista entre os anos 1930 e 1940. "O nazismo prega a supremacia racial e o extermínio de grupos que considera 'inferiores'. O discurso de ódio e a defesa do discurso de ódio trazem consequências terríveis para a humanidade, e o nazismo é sua maior evidência histórica", afirmou a entidade.

Retratação
No começo da tarde desta terça-feira, o apresentador publicou um vídeo no Twitter em que pede desculpas pela declaração. "Estava muito bêbado e fui insensível com a comunidade judaica, só peço perdão por isso", disse.

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