Polícia trabalha com hipótese de jovem ter matado o filho, que tinha paralisia, para se livrar dele

Bruno Inácio
25/11/2019 às 18:53.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:48
 (Reprodução/Facebook)

(Reprodução/Facebook)

Conflitos por revisão da pensão alimentícia e até "descarte" do corpo do filho por causa da paralisia cerebral que a criança tinha. Essas são algumas das linhas de investigação que a Polícia Civil tomou para o caso da mulher que foi morta junto com o filho de 1 ano, na cidade de Tombos, na Zona da Mata. O ex-companheiro dela, pai da criança, é o principal suspeito do crime.

Nesta segunda-feira (25), em coletiva de imprensa, os investigadores informaram o que já descobriram sobre o caso. A delegada Maria Alice Faria, da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida, disse que, em depoimento, o suspeito disse que matou Fiama Antônia de Freitas Machado, de 25 anos, após uma discussão. Ele tinha dado carona para a ex-companheira e o filho virem a Belo Horizonte para uma consulta da criança.

"Primeiro ele disse que trouxe Fiama e o filho a BH e os deixou no BH Shopping, mas depois de pedirmos a prisão temporária, ele alegou que discutiu com a mãe da criança durante o trajeto, ocorreram agressões físicas, ela teria colocado o dedo no olho dele. Na fala do investigado, ele disse que não conseguiu se controlar, pegou um canivete dentro do veículo e esfaqueou Fiama no pescoço. Acreditando que ela já estava morta, tirou o corpo do carro, jogou gasolina e ateou fogo", afirmou a delegada.Reprodução/FacebookFiama e o filho estavam desaparecidos desde setembro deste ano

O corpo da mulher foi encontrado na zona rural de Itabirito, na região Central do Estado, próximo à BR-040, parcialmente carbonizado. Quando a Delegacia de Homicídios, que apurava de quem era o cadáver, conseguiu extrair o DNA, viu que os dados batiam com os de Fiama, que tinha um inquérito de desaparecimento aberto. Já os restos mortais do bebê foram encontrados na última sexta-feira (22).

"Foi o próprio pai quem nos apontou onde poderia estar o corpo do menino, que foi deixado cerca de 5 km depois, mas nós encontramos apenas a ossada, o que ainda não permite saber se ele foi jogado às margens dessa estrada vicinal vivo ou morto", comentou a delegada. Faria explicou também que, em depoimento, o suspeito disse que David Lucca, de 1 ano e 9 meses, teve convulsões e passou mal dentro do carro.

Brigas

A hipótese de desavença por causa da pensão alimentícia foi levantada pela polícia por causa do histórico de brigas entre o pai e a mãe de David. Familiares dos dois disseram que Fiama cobrava, constantemente, atenção não só financeira, mas também apoio do pai na criação do menino, que segundo familiares da mulher, sentia falta do pai.

"Ela sempre cobrava a presença dele, a mãe precisava de um apoio emocional e financeiro devido à situação do filho. E também havia um processo em andamento de revisão de pensão alimentícia", disse a delegada, que também acredita que o crime foi premeditado. "No caminho para BH, Fiama mandou mensagem para outra pessoa dizendo que estava nervosa porque (o suspeito) estava fazendo um caminho que não era conhecido", completou.

Em depoimento, o suspeito também disse que levava gasolina dentro do carro não porque premeditou queimar o corpo da mulher e sim porque tinha medo de a gasolina acabar no meio do percurso. "Outra qualificante de premeditação é que ele se passou por Fiama depois do crime, e a família só deu queixa de que ela havia sumido no dia 20 de outubro, porque ele estava se passando por ela pelo WhatsApp", declarou a investigadora.

O suspeito está respondendo por homicídio qualificado por feminicídio e motivo torpe, além de ocultação e destruição de cadáver.

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